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Estado de Minas

Ex-diretor da Abin em apuros

Paulo Lacerda corre risco de ser um dos acusados no inquérito que apura vazamentos da investigação do caso Daniel Dantas. Palácio do Planalto preocupado com essa ossibilidade


postado em 12/11/2008 07:45 / atualizado em 08/01/2010 04:04

(foto: Jose Varella/CB/D.A Press - 27/4/04 )
(foto: Jose Varella/CB/D.A Press - 27/4/04 )
Brasília – A Polícia Federal pode acusar o delegado Paulo Lacerda, diretor afastado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ao fim do inquérito que investiga irregularidades na Operação Satiagraha, que investigou o banqueiro Daniel Dantas. Lacerda cedeu agentes da Abin para ajudar o delegado Protógenes Queiroz, que comandou a ação policial. A PF considera ilegal o envolvimento dos arapongas e pode dizer que Lacerda cometeu usurpação da função pública.

A possibilidade de citação do nome de Lacerda preocupa o Palácio do Planalto. O delegado comandou a Polícia Federal durante todo o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tornou-se uma espécie de símbolo, tanto da corporação quanto das ações anticorrupção do governo. A cada vez que a oposição dizia que havia escândalos demais em sua administração, o presidente respondia que a diferença era a independência da PF. Lacerda personificou essas ações. A avaliação do governo é que será muito negativa se ele acabar responsabilizado num inquérito policial.

Além disso, Lacerda é um dos homens que mais conhece os bastidores do governo. É um banco de dados sobre assuntos potencialmente comprometedores. O Planalto não quer vê-lo no olho de um furacão político.

O inquérito mais próximo de citar o diretor da Abin é o que investiga o vazamento de informações sobre a Satiagraha. Relatórios feitos pela Corregedoria-Geral da PF em Brasília confirmam que os arapongas a serviço de Protógenes tiveram acesso a elementos da investigação, inclusive ao Guardião, o equipamento de escutas e rastreamentos telefônicos.

O indiciamento de Lacerda é pouco provável, já que não há indicações de que tenha envolvimento na divulgação das escutas e esse inquérito é específico. Mas a simples menção de que ele teria cometido usurpação de função pode ser suficiente para impedir que ele retorne ao comando da Abin.

Lula disse a interlocutores próximos que não pretende tomar nenhuma decisão a respeito do destino de Lacerda antes da conclusão dos inquéritos da PF. Ele está dividido. De um lado, diz ter uma dívida de gratidão com o delegado, pelos serviços prestados no primeiro mandato. De outro, ficou muito irritado ao saber que ele autorizou, sem informar ao Planalto, o envolvimento de arapongas numa ação da PF.

Lacerda nunca negou que tenha autorizado a participação dos agentes de inteligência na Operação Satiagraha, por solicitação de Protógenes. Investigadores que atuam no inquérito sobre o vazamento dizem que 72 arapongas de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Distrito Federal teriam sido utilizados na ação policial, mas admitem que este número pode chegar a 100, contando as diversas fases da operação, enquanto que o total de policiais federais não passou de 24.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, atendeu pedido do general Jorge Félix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e comandante da Abin. O despacho, acordado entre os dois, diz que a PF só vai abrir os documentos apreendidos em escritórios da Abin na presença de agentes designados pelo órgão de inteligência. A apreensão, feita no bojo do inquérito sobre os abusos na Satiagraha, detonou uma crise. Os arapongas reclamam que no material apreendido há informações secretas, inclusive com a identificação de agentes.


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