Jornal Estado de Minas

PT quer antecipar 2010

Ao avaliar resultado das urnas, cúpula do partido defende lançamento rápido de Dilma Rousseff à presidência para acelerar negociações com aliados. Estratégia para classe média será revista

Secretário-geral da legenda, José Eduardo Cardozo, e o presidente Ricardo Berzoini: cúpula mantém para novembro do ano que vem eleição para troca do comando da legenda - Foto: Dida Sampaio/AE

Brasília – O PT começa a dar os primeiros passos para consolidar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República em 2010. O partido quer antecipar o processo de escolha do nome para agilizar a negociação com os aliados e fazer frente com aos adversários colocados no páreo.

O tema foi tratado na sexta-feira em reunião do Diretório Nacional, numa demonstração de que os petistas abraçaram de vez a idéia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de adotar Dilma como sucessora. No encontro, ela foi citada como o nome mais forte dentro do partido para manter a atual linha administrativa.

“É natural o debate antecipado. E o nome mais forte é da ministra Dilma, porque ela é da confiança e apoiada pelo presidente Lula”, afirmou o presidente petista, Ricardo Berzoini, lembrando que outros nomes podem surgir na disputa. O dirigente afirmou que todas as resistências a uma possível candidatura da chefe da Casa Civil já foram contornadas. “Posso dizer com clareza que não há ninguém contra a candidatura da Dilma dentro do PT”, sustentou Berzoini.

O líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), disse que a antecipação da escolha visa confrontar as intenções do PSDB e acelerar a discussão da aliança com os partidos governistas que desejam ficar ao lado do PT em 2010.“Precisamos acelerar a escolha sem nos afogarmos. O processo está em curso porque está todo mundo pensando nisso. A direção que não enfrentar o que está na boca do povo ficará defasada”, disse Fontana.

Como o PSDB tem dois potenciais candidatos (os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves), os petistas avaliam que os adversários estão na frente das negociações político-eleitorais. Tanto que os tucanos estão bastante determinados no flerte com o PMDB, que também é visto como um potencial vice na chapa encabeçada por Dilma Rousseff.

Os petistas argumentam que a ministra, apesar de todo o esforço feito na eleição municipal para se tornar figura conhecida nacionalmente, ainda tem densidade eleitoral menor que dois pré-candidatos: José Serra e o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), outro nome colocado na praça como presidenciável.

O vice-presidente do PT e assessor para assuntos internacionais de Lula, Marco Aurélio Garcia, defendeu Dilma ao afirmar que é preciso ter densidade política e não ser um mero “poste” do presidente. “Ninguém elege um poste, e se eleger se dá mal. O Lula sabe disso. É preciso eleger alguém com substância”, afirmou Garcia.

Congresso

 

De olho em alianças para 2010, o PT se manter próximo do PMDB. O líder petista na Câmara afirmou que o partido vai reafirmar apoio à eleição do deputado Michel Temer (PMDB-SP) à presidência da Câmara e de Tião Viana (PT-AC) para o comando do Senado. “O PT vai trabalhar firmemente pela eleição do Michel Temer para presidência da Câmara e o Tião Viana na presidência do Senado. Entendemos que este é o melhor cenário para o país e para o nosso governo”, disse Fontana.

Signatário do acordo que prevê o apoio do PT à candidatura de Temer, Marco Aurélio Garcia, pregou a manutenção da “política de associação” de seu partido com o PMDB. No seu diagnóstico, os petistas devem se esforçar para reduzir os atritos com o PMDB do senador José Sarney (AP), que reivindica o comando do Senado.