Jornal Estado de Minas

Vereadores iniciam articulações para eleger presidente da Câmara

Juliana Cipriani
Apesar do discurso brando nos bastidores, disputa pela função deve ser acirrada nos próximos dias, como ocorreu nas últimas escolhas - Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press
A maratona em busca de votos em Belo Horizonte para garantir mais um mandato nem esfriou e os vereadores já começaram as articulações para definir uma nova eleição: a da nova Mesa Diretora que comandará a Casa nos próximos dois anos. Apesar da cautela inicial e de todos pregarem o diálogo, a conciliação de interesses e a unidade, a briga promete ser acirrada, como ocorreu nas duas últimas disputas. Além de dois grandes grupos que trabalharam alinhados na última sucessão no Legislativo, a equação terá de levar em conta a composição da base aliada, a influência do prefeito eleito Márcio Lacerda (PSB) e a posição dos 17 novos parlamentares, que começarão a exercer o mandato em janeiro.
Pelo menos sete nomes são apontados nos bastidores como potenciais candidatos à sucessão do atual presidente, o vereador Totó Teixeira (PR), que deixará não só o cargo, mas a Câmara, por ter sido impedido de tentar um novo mandato. Entre os citados está o vereador Ronaldo Gontijo (PPS), que no último embate tentou emplacar uma candidatura, mas acabou não conseguindo a maioria, que ficou com o grupo capitaneado pela líder do governo, Neusinha Santos (PT), outra cogitada para a eleição de agora. Estão no páreo ainda os vereadores Wellington Magalhães (PMN), Pastor Carlos (PR), Elias Murad (PSDB), Paulo Lamac (PT) e Silvinho Resende (PT). Outro nome lembrado é Henrique Braga (PSDB), mas ele não deve prosperar já que o vereador não apoiou Márcio Lacerda na campanha.

O grupo de Ronaldo Gontijo, que na última eleição colocou sua candidatura, mas no final acabou retirando-a, sai enfraquecido, tendo em vista que vários vereadores não se reelegeram. Quando Totó foi eleito presidente, eles geraram 14 abstenções. Na eleição anterior a disputa também foi acirrada e Silvinho Resende levou a melhor por apenas dois votos. “Nós do PPS ainda não sentamos para discutir, mas temos o mesmo posicionamento. Precisamos discutir projetos para a Casa, e não nomes”, disse Ronaldo Gontijo. O vereador é cauteloso sobre a própria indicação para o cargo. “Já abri mão algumas vezes e não tenho essa vaidade.”

O ex-presidente da Casa, Silvinho Resende (PT), também não se posicionou oficialmente e adianta que não pretende entrar em bola dividida. “Vou deixar que os companheiros encaminhem primeiro, ainda não avaliei. Se for uma questão em que a maioria se posicione a gente pode avaliar, mas se tiver uma disputa muito intensa é diferente.” O vereador disse estar sendo sondado pelos colegas para a presidência, mas as conversas, segundo ele, só começam na próxima semana. “O líder do meu partido, Tarcísio Caixeta, é quem vai conduzir e conversar com os partidos aliados da aliança (de Márcio Lacerda).”

Movimento

Do outro lado, no entanto, o grupo que inclui os vereadores Wellington Magalhães e Pastor Carlos está se movimentando. Segundo Magalhães, são pelo menos 16 vereadores que se apresentam contrariamente ao grupo de Ronaldo Gontijo e Silvinho Resende. “Desde a primeira mesa (da atual Legislatura) foram criados dois grupos na Casa e isso permanece. Sou contra um integrante do PT na presidência, é um partido muito radical”, adianta.

A solução, segundo Magalhães, seria tentar conciliar alguém da base com uma indicação do prefeito eleito. Apesar de se colocar como opção e citar colegas, como Henrique Braga, Anselmo Domingos e Pastor Carlos, o vereador prefere não se lançar para a disputa. “Todos estão em condições, mas é muito cedo. Quem colocar o nome pode queimá-lo.” Na mesma linha, Pastor Carlos diz que o importante agora não é tratar de nomes, mas de trabalhar por um consenso na Casa que atenda ao Executivo. “Fico lisonjeado de ter o nome lembrado pelos vereadores, mas ainda é cedo.”