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Estado de Minas PRIMEIRA LEITURA

Jornalista mineiro lança romance sobre os anos de chumbo

Em 'Há um débito em seu nome', Maurício Corrêa reconstitui o período da ditadura militar no Brasil com jovens idealistas como personagens


postado em 13/03/2020 04:00 / atualizado em 13/03/2020 11:14

(foto: VINÍCIUS SANTOS ROSA/divulgação)
(foto: VINÍCIUS SANTOS ROSA/divulgação)


“– Ok, Vicente –, você ganhou esta, mas não vai levar. É bom que você não me deixe solto por aí, porque a primeira oportunidade que aparecer vou aproveitar e cair fora desta maluquice. Vou pirulitar, meu irmão. Vazar, entendeu?

Na vida tem hora pra tudo: dormir, acordar, comer, trabalhar, ler, divertir, estudar, beber, namorar, etc. Também tem a hora de cair fora, quando você descobre que nada deu certo e que você só está levando chumbo na asa e provavelmente será o próximo a ser convocado para morrer.

Tentei ser o mais cartesiano possível na minha forma de pensar. Tenho o máximo respeito pelos que morreram em nome da justiça social e da resistência à ditadura e também por aqueles que estão presos ou foram torturados, banidos, exilados, condenados ou que sofreram e sofrem horrores com a repressão por qualquer motivo e em qualquer intensidade. Só que a decisão que pretendo tomar vai ser em meu nome e não no nome deles. Disso, não abro mão e que cada um interprete da forma como quiser. Não estou nem aí para o que pensarem a meu respeito.

Estou decidido a me entregar, nem que isso me custe o trono do dragão, o pau de arara, choques elétricos, uma cenoura enfiada no meu rabo ou porrada comendo solta adoidado. Há muito tempo já não acredito em Deus, mas seja o que Deus quiser. Vamos em frente.

Chega. Vou entrar na primeira delegacia que encontrar por aí e simplesmente vou colocar um ponto final na minha vida de salvador da pátria. Só tenho 24 anos de idade e quero viver um pouco mais. Para mim a guerra acabou – pensei, olhando para a cara de nojo de Vicente, que certamente estava tramando alguma coisa especial para me mandar para o além.”


HÁ UM DÉBITO EM SEU NOME
. De Maurício Corrêa
. Editora Ramalhete
. 223 páginas
. R$ 44
. Lançamento: amanhã (14), das 11h às 14h, na Livraria Ouvidor – Rua Fernandes Tourinho, 253, Savassi, em BH.


SOBRE O AUTOR 
O jornalista Maurício Corrêa é mineiro de Juiz de Fora e desde 1979 mora em Brasília, onde passou pelas sucursais do Jornal do Brasil, Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e Gazeta Mercantil. É editor e repórter do site especializado Paranoá Energia. O trecho acima integra o seu livro de estreia na ficção, Há um débito em seu nome, primeiro da trilogia que terá também O militante tem medo e Sob as estrelas de Alto Paraíso. O romance trata, com pinceladas autobiográficas, do período conturbado da história do país, entre o fim dos anos 1960 e meados dos 1970, afetado por movimentos armados urbanos e pela guerrilha no Araguaia. O autor descreve como jovens idealistas abandonaram tudo para se lançar na arriscada empreitada de combater o regime militar . Muitos eram estudantes em BH. “A capital mineira teve papel de destaque em todos esses acontecimentos, pois muitos universitários que aderiram, principalmente à guerrilha urbana, eram frequentadores de bares no Edifício Maletta e imediações”, diz ele.



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