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Campus UFMG


postado em 03/05/2019 05:13

(foto: FERNANDO RABELO/DIVULGAÇÃO)
(foto: FERNANDO RABELO/DIVULGAÇÃO)



“Nos nomes das ruas do campus dormem as velhas saudades da UFMG. Há sempre alguma coisa a ser vista quando olhamos para elas. Insuflam histórias, personagens, linguagens, costumes. Algumas, porém, deixam uma pergunta no ar. Quem sobe devagar a ladeira atrás da Reitoria, em direção à Fundep, pode até não saber disso, mas está na Rua Professora Conceição Ribeiro da Silva Machado, uma médica e pesquisadora do ICB. Conceição foi uma cientista conceituada, sobretudo na área de morfologia, com ênfase em citologia e biologia celular. Nos anos 1960, ela pesquisava uma glândula pequena, perto da área central do cérebro, quase desconhecida na época, mas importantíssima: produz melatonina, o hormônio que modula os períodos do sono – a glândula pineal. No meio da pesquisa descobriu que estava tão interessada em um colega – Ângelo Machado – quanto na glândula propriamente dita. Tirou o problema na pinta, como então se dizia: casou-se com ele, assumiu a arte de querer bem e continuou a investigação. O casal formava uma boa dupla, Conceição teve quatro filhos, viajou pelo mundo com o marido, juntos enfrentaram a ditadura militar e contribuíram duramente para que a UFMG incluísse uma postura ambientalista em seu sistema de valores, mas ela conservou a vida toda um espaço autônomo de trabalho e reconhecimento intelectual e profissional – algo difícil para uma mulher.

Não deve ter sido fácil deixar sua marca, ganhar prêmios, comandar equipes de pesquisa, produzir conhecimento em um campo da ciência visto como eminentemente masculino. Conceição sabia disso. Em 1997, conquistou o título de Professora Emérita da UFMG – a maior honraria que a universidade concede a seus membros, o reconhecimento público da excelência, do valor proeminente de sua conduta como professor e como pesquisador.

Ninguém atinou com a coincidência, mas a cerimônia de entrega do título calhou de acontecer no dia 31 de outubro – Dia das Bruxas. Só ela percebeu, e não deixaria passar a ocasião. Em discurso emocionante e inesquecível, intitulado “Bruxas?”, Conceição afrontou abertamente as expectativas relacionadas a gênero e posicionou mulheres no cerne da ciência: falou sobre as bruxas e sobre a fogueira em que se queimava o conhecimento e as personagens femininas que o produziam.”


SOBRE A AUTORA

Vice-reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) entre 2006 e 2010, Heloisa Murgel Starling é professora titular-livre de História do Brasil na instituição e coordenadora do Projeto República: Núcleo de pesquisa, documentação e memória da UFMG. O trecho acima é do livro Campus UFMG, número 33 da coleção BH: A cidade de cada um, que completa 15 anos. O lançamento será no próximo dia 11, das 11h às 14h, na Livraria do Ouvidor, Savassi, em Belo Horizonte.


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