Poesia
Lua na jaula
Ledusha Spinardi
Editora Todavia (128 págs.)
R$ 40,17
A epígrafe de Waly Salomão – “A flor de estufa salta a cerca para luzir no mangue” – prepara o leitor para o que encontrará nas páginas seguintes de Lua na jaula. Os versos de Ledusha são ágeis e de grande leveza. Nascida em Assis (SP), a poeta e tradutora busca o domínio das palavras de maneira visceral. “Abrir a palavra/olhar sem pudor suas vísceras/provocar ao pulsar do sangue em chispas/acolher sua natureza indigesta.” O enfrentamento da palavra se dá tanto quando ela aborda fatos corriqueiros do cotidiano, como por exemplo o ato de perder um guarda-chuva, como quando reflete sobre temas existenciais, como a angústia da morte.
Romance
Glória l
Victor Heringer l
Companhia das Letras (296 págs.) l
R$ 49,90 l
Lançado pela 7Letras em 2012, o romance Glória, de Victor Heringer, venceu o Prêmio Jabuti no ano seguinte. Na narrativa, os Alencar Costa e Oliveira formam uma família carioca de humor peculiar. O jovem Heringer exibiu destreza ao propor um jogo semântico ao longo da narrativa. A família fala o oposto do que pretende dizer. O romance apresenta a trajetória de três irmãos – Daniel, pai de família bem-sucedido; Abel, pastor que segue para viver na África; e Benjamin, artista frustrado que divide o tempo entre o trabalho e uma sala de bate-papo. Em março, Victor Heringer morreu, aos 30 anos. A Companhia das Letras, que editou em 2016 O amor dos homens avulsos, relança agora o livro premiado do autor.
FICÇÃO
A casa dourada l
Salman Rushdie l
Tradução: José Rubens Siqueira l
Companhia das Letras (456 págs.) l
R$ 55,90 l
A casa dourada marca a volta de Salman Rushdie ao realismo. O livro aborda a questão do terrorismo, assunto espinhoso nos dias de hoje, de forma a desafiar o senso comum. O narrador da história é o jovem cineasta René, que pretende fazer um filme sobre os Golden. Trata-se de família misteriosa, que chegou ao Bairro Greennwich Village, em Manhattan, no dia da posse do presidente Barack Obama. Endinheirado e com sotaque indecifrável, o patriarca da família (Nero Golden) traz consigo três filhos adultos: Petya, atormentado pelo alcoolismo; Apu, artista extravagante e pansexual; e D., caçula que guarda segredo sobre a própria identidade. Para realizar as filmagens, René se envolve cada vez mais com a família, até mesmo em seus crimes.
FICÇÃO
A um passo
Elvira Vigna
Companhia das Letras (186 págs.)
R$ 34,90
O livro foi publicado originalmente em 1990 sob o título A um passo do Eldorado. O título foi alterado em edição de 2004. O romance é organizado em capítulos, a partir da narração dos personagens. A história parte de um suposto assassinato que envolve dois amantes. O pano de fundo é a realidade brasileira. O livro foi publicado um ano depois das eleições diretas de 1989, o que faz com que a autora pondere o quanto a democracia era (e ainda é) uma quimera. No posfácio, José Luiz Passos chama a atenção para a reflexão subjacente sobre o significado da obra de arte. Elvira Vigna, reconhecida como uma das mais originais ficcionistas brasileiras, morreu em 2017, aos 69 anos.
ENSAIO
Tribos morais,
a tragédia da moralidade do senso comum
Joshua Greene
Editora Record (490 págs.)
R$ 59,60
O filósofo, psicólogo e neurocientista Joshua Greene começa esse ensaio propondo reflexões éticas e morais acerca da convivência entre tribos distintas, que precisam decidir sobre diferentes questões diante da escassez. Pequenas desavenças podem se tornar batalhas mortais. Por meio de parábolas, o autor coloca questões que têm como pano de fundo o quanto devemos seguir nossos instintos e quando devemos acionar a racionalidade. Podemos transcender as limitações de reações tribais instintivas? As disputas se estendem por todos os campos da vida, como o debate de questões como o casamento gay, a legalização do aborto e a emissão de gás carbônico.
ENSAIO
O mundo pós-ocidental, potências emergentes e a nova ordem global
Oliver Stuenkel
Editora Zahar (256 págs)
R$ 48,80
O Ocidente mantém posição dominante nos últimos dois séculos. O autor pontua que a história é vista como um processo conduzido pelo Ocidente, o que ensejaria uma abordagem enviesada das relações internacionais em relação à globalização. Stuenkel questiona essa perspectiva, argumentando, por exemplo, que a transição de império para ordem multilateral dos Estados-nações foi resultado de intensa barganha entre Oriente e Ocidente. O ocidentocentrismo afeta a maneira como o mundo é interpretado. A proposta é fazer uma análise do mundo pós-ocidental. O objetivo do livro é mostrar que a maioria dos pensadores (tanto ocidentais como não ocidentais) carregam a mão ao falar da importância do Ocidente na ordem global.