ENSAIO
Pós-verdade, a nova guerra contra os fatos em tempos de fake news
De Matthew D’Ancona
Faro Editorial
144 páginas
R$ 29,90
O jornalista político britânico Matthew D’Ancona apresenta elementos para uma compreensão da era da pós-verdade. A partir da análise de fatos políticos, que fizeram com que os eleitores ficassem em posições polarizadas, demonstra como a argumentação racional no debate público dá lugar à emoção e à passionalidade. O jornalista coloca a lupa sobre o Brexit, a eleição de Donald Trump, o ceticismo em relação ao aquecimento global, as campanhas contra vacina para demonstrar o fenômeno de queda da credibilidade nas instituições e, consequentemente, o abalo da democracia. Ele aponta para os prejuízos democráticos em cenários em que há perseguição a quem pensa de modo diferente. D’Ancona diagnostica queda de confiança nos meios de comunicação e incapacidade generalizada de se distinguir entre fato e interpretação – terreno fértil para a fabricação dos “fatos alternativos” e fake news, que se alastram como fogo morro acima.
ENSAIO
O progressista de ontem e o do amanhã, desafios da democracia liberal do mundo pós-políticas identitárias
De Mark Lilla
Companhia das Letras
104 páginas
R$ 35,47
Mark Lilla parte da premissa de que o liberalismo americano do século 21 está em crise. Analisa como os progressistas perderam a conexão com o grande público. Aponta que os liberais têm perdido a disputa para a direita americana, por serem incapazes de elaborar uma imagem de como pode ser a vida comum do cidadão americano. A tese central é de que a direita americana conseguiu impor a imagem do que entende por país coeso.
ENSAIO
Tempo comprado: a crise adiada do capitalismo democrático
De Wolfgan Streeck
Boitempo
240 páginas
R$ 47
Wolfgan Streeck norteia a escrita a partir de duas reflexões: como lidar com a crise financeira e fiscal e a relação entre capitalismo e democracia. O propósito é traçar interligações entre o desenvolvimento do capitalismo e a transformação liberal da democracia. Apresenta a crise global de 2008 como etapa histórica do capitalismo – sequência da inflação dos anos 1970, do endividamento estatal no decênio seguinte e do crescente endividamento privado desde os meados de 1990. Faz a correlação entre a incapacidade do sistema econômico capitalista em lidar com os conflitos distributivos e como isso impacta na qualidade das democracias contemporâneas.
ENSAIO
Facismo: um alerta
Madeleine Albright
Crítica
304 páginas
R$ 43,37
Primeira mulher a ser Secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright entrou em contato com o fascismo quando sua família teve que fugir da Tchecoslováquia, em 1948, exilando-se na América. A autora faz um resgate histórico de movimentos autoritários, escrutinando o governo de líderes como Benito Mussolini e Adolf Hitler e mostrando suas faces no pós-Guerra Fria. Atenta para as nuances do termo fascismo, muitas vezes usado como sinônimo de totalitarismo, ditadura, despotismo, tirania e autocracia. Estabelece distinções entre fascismo e populismo ao analisar líderes como Donald Trump, Hugo Chávez, Recip Erdogan e Viktor Orbán. Albright sustenta que o século 20 se caracterizou pelo embate entre fascismo e democracia e alerta para os riscos do reaparecimento do fascismo que interdita o debate democrático, em sua recusa ao reconhecimento de pensamentos contrários ao grupo do qual se faz parte e no uso de todos meios, inclusive a violência, para silenciar o outro.
ENSAIO
Como a democracia chega ao fim
De David Runciman
Todavia
272 páginas
R$ 46,40
A democracia é o regime político por excelência do século 20, mesmo tendo sido em diferentes décadas (1930 e 1970) colocada à prova. David Runciman reflete se ela se manterá no século 21. A eleição de Donald Trump impôs a tarefa de investigar o esgotamento desse regime político e o que poderia substitui-lo. O autor não vê o resultado da eleição americana como ponto final da democracia, mas como caso exemplar para se estudar seu comportamento no país mais poderoso do mundo.
ENSAIO
A morte da verdade – Notas sobre a mentira na era Trump
De Michiko Kakutani
Tradução: André Czarnobai e Marcela Duarte
Intrínseca
272 páginas
R$ 39,90
Michiko Kakutani aponta panorama cultural e político na qual as fake news e as mentiras passaram a ser divulgadas em escala industrial. Identifica que o nacionalismo, o tribalismo, a sensação de estranhamento, o medo de mudanças sociais e o ódio ao outro estão em ascensão. Termos como declínio da verdade, fake news, fatos alternativos entraram para o léxico da era denominada de pós-verdade. Nesse cenário, não são criadas apenas notícias falsas e colocada em questão a credibilidade da mídia. Criam-se versões alternativas para a ciência, quando se coloca em xeque as mudanças climáticas, a eficácia das vacinas e a acuidade de fatos históricos, como o Holocausto. Crítica literária do jornal The New York Times, ela defende que o relativismo vem na esteira do narcisismo e da exacerbação das subjetividades, que tem como um dos sintomas a prática das selfies e a autoexposição nas redes sociais.
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