Jornal Estado de Minas

Especial

Barragens construídas a montante deixarão de existir

- Foto: O processo de descomissionamento iniciado pela Vale em maio deste ano marca um novo tempo no setor de mineração em Minas Gerais. O compromisso de eliminar nove estruturas construídas pelo método a montante seguirá no segundo semestre com Fernandinho e Vargem Grande (ambas no Complexo de Vargem Grande). Em Ouro Preto, estão com os dias contados Grupo e Forquilhas I, II e III. Completam a lista as barragens Sul Superior, da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, e B3/B4, na Mina Mar Azul, em Nova Lima.

O prazo de conclusão dos trabalhos vai depender das características das barragens, da topografia local e da condição de estabilidade das estruturas. O objetivo é que nos próximos três anos todas estejam descomissionadas ou com fator de segurança adequado e sem oferecer risco às pessoas e ao meio ambiente. Nas quatro barragens com nível 3 de emergência (B3/B4, Forquilha I e III e Sul Superior) serão necessárias intervenções para aumentar o fator de segurança. Grupo e Forquilha II estão em nível 2 e as demais em nível 1. As barragens 8B e Fernandinho obtiveram, em março, a renovação da Declaração de Condição de Estabilidade (DCE), emitida pela Agência Nacional de Mineração (ANM).
Por isso, são as primeiras a sofrerem intervenções. Para realizar todo o processo de descomissionamento, a Vale provisionou R$ 7,1 bilhões para essas ações.
 

DESCOMISSIONAMENTO 
A palavra indica o fim do ciclo de vida operacional de uma barragem e pode ser feito de três maneiras: a primeira é preparar a estrutura para ficar inativa, seguindo normas técnicas, principalmente no que se refere à retenção de cheias. Serão necessárias obras de drenagem e vertedouros para eliminar a água da estrutura. A segunda é por meio da descaracterização. Esse será o processo mais utilizado pela Vale para eliminar as barragens a montante. “Trata-se de intervenções na estrutura que farão as barragens perder as características de barramento, sendo reintegradas ao meio ambiente de maneira segura, sem causar erosão”, explica o gerente-executivo de Descaracterização de Barragens, Carlos Miana. O terceiro processo é o menos utilizado: a remoção total do rejeito e, muitas vezes, do próprio maciço.
Nesse caso, é preciso também fazer reparação ambiental.

O principal objetivo desses projetos é a segurança de todos que trabalham nas obras e das comunidades do entorno. Por isso, foram feitos estudos e contratadas empresas de engenharia e consultores para adotar as práticas mais seguras. Estão sendo feitos simulados de emergência com os funcionários, com treinamento das rotas de fuga e, nos locais muito próximos às barragens, onde os empregados teriam segundos para escapar, está sendo adotada tecnologia para trabalho remoto. Em Vargem Grande, por exemplo, o trator é operado a distância, realizando até mesmo escavações no maciço. Já a leitura de instrumentos e a automatização são feitas com ajuda de helicóptero.
 
Carlos Miana, Gerente Executivo de Descaracterização de Barragens da Vale - Foto: Alain Dhome/Esp. EM
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