Jornal Estado de Minas

Reflexão

A quaresma e o papa Francisco




João Baptista Herkenhoff
Vitória 

“As cinzas, impostas na fronte dos fiéis na quarta-feira de cinzas, constituem uma lição de vida. Revelam a transitoriedade das coisas; advertem que as vaidades são ilusórias; lembram a todos nós que somos pó e em pó nos tornaremos. Memento homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris. Lembra-te, homem, de que és pó e em pó te hás de tornar. Não só a Igreja Católica celebra o tempo quaresmal. Também as igrejas Luterana, Presbiteriana, Anglicana e outras igrejas cristãs se debruçam à face do mistério do Cristo que foi crucificado e ressuscitou. O papa Francisco tem estimulado o ecumenismo. Devido ao seu humanismo e humildade, a palavra de Francisco tem merecido a ausculta até de ateus ou supostos ateus. Uso a expressão supostos ateus para me referir a algumas pessoas que se declaram ateias, mas que, a meu ver, ateus não são. Quem acredita na dignidade humana não é ateu, quem luta por um mundo de justiça não é ateu, quem quer os bens partilhados não é ateu. Quem se coloca contra qualquer projeto de governo que pretenda distribuir melhor a riqueza é ateu. Quem ataca o papa, mesmo se declarando católico, porque o papa abraçou um determinado líder político, é ateu porque não acredita nem no papa nem na Igreja que ele preside. Submete o papa à sua opinião pessoal. Este nosso Francisco não é Francisco I, nem Francisco II, como era de tradição no nome dos papas e também no nome dos reis. É apenas Francisco, Francisco e nada mais.”