Jornal Estado de Minas

SAÚDE

Médica analisa o futuro da Aids

Vera Márcia de Souza Lima Rufeisen
Belo Horizonte

"Há exatos 38 anos, o mundo era surpreendido com uma cruel e silenciosa epidemia. A Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida (Aids). Cruel, não apenas por expor toda a debilidade física de seus portadores, mas, ainda pior, por trazer à flor da pele toda a sorte de julgamentos e preconceitos com a fragilidade e os diferentes comportamentos humanos. Esse longo caminho, duramente percorrido, nos trouxe, felizmente, muitos avanços. Hoje, temos disponíveis terapêuticas altamente eficazes, que devolvem não apenas a expectativa de vida com muita qualidade, mas a dignidade humana, a possibilidade de voltar a planejar, ter sonhos, construir a própria história. Entre as formas de prevenção, além do uso de preservativos, temos disponível o PrEP, um medicamento combinado de duas drogas, que, tomado diariamente, oferece proteção à transmissão do vírus HIV. A Organização Mundial da Saúde (OMS) projetou uma meta, a ser cumprida até 2024, para o fim da epidemia. Noventa por cento dos pacientes diagnosticados, noventa por cento desses em terapêutica antirretroviral, e, entre esses, noventa por cento com vírus indetectáveis no sangue. Os dados da literatura mostram que os pacientes não mais transmitem o vírus quando estão na situação de controle da doença. No entanto, estamos longe desse objetivo. No Brasil, embora tenhamos as melhores medicações disponíveis de forma gratuita e universal, atingimos 59% dessa meta. Nosso caminho ainda é longo, mas a esperança do objetivo final nos faz mais fortes. Temos que nos mobilizar para que, cada vez mais, a prevenção ideal seja realizada, as informações corretas sejam levadas aos pacientes nos quatro cantos do país e para que cuidemos da saúde integral desta população."