Jornal Estado de Minas

MUNDO

Leitor elucida entre o passado e o futuro

Antonio Carlos Mesquita do Amaral
Santa Maria – RS
  
"Desde os anos de 1966, as possessões ultramarinas portuguesas estavam em levante armado contra a administração lusitana, entre elas Angola, que obrigou, em 1975, as forças de ocupação a se retirar. Essa introdução tem a ver com a história de um cidadão baiano que, em 1976, vindo do continente africano, hospedou-se num hotel em Belém do Pará, onde estávamos há mais de ano. Isso nos leva a fazer um parâmetro com o que vem ocorrendo no Legislativo e na mais alta corte do Judiciário em detrimento do povo e do país, pelo desrespeito à verdade, ao justo e ao moral. 'Trabalhava', dizia o cidadão baiano, na Companhia Esso Oil, em Luanda, onde acompanhou e conviveu com a convulsão social intestina em seu desenrolar em regiões longínquas da capital de Angola, ouvindo noite e dia explosões sempre distantes. E aí, aconteceu em certa manhã, ao raiar do dia, uma explosão de granada de artilharia na avenida em frente à sua residência. Era aviso de que a revolução tinha chegado na porta da sua casa e somente lhe dava tempo de sair pelos fundos, com a mulher e filhos, só com a roupa do corpo. Ele, encontrando o pessoal que orientava os estrangeiros para evacuação, ao acomodar-se no ônibus que os levariam até a fronteira do Zaire, um outro cidadão, seu conhecido, proprietário de três lojas de supermercados tomadas pela revolução, sentando-se ao seu lado só fez exclamar: 'Aonde chegamos'. O que também lhe respondeu em concordância: 'Aonde chegamos'!"
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