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Estado de Minas artigo

Para eles, o melhor de nós


03/08/2022 04:00

Aleluia Heringer Lisboa 
Diretora de Relações Institucionais e ASG do Colégio Santo Agostinho

A escolha da escola para os filhos, até pouco tempo atrás, tinha como principal questão o atendimento aos critérios da excelência acadêmica ou a aprovação em vestibulares. Eles continuam válidos, no entanto estão atrelados a outros desafios que temos pela frente. Precisamos levar em conta que o “mundo anda tão complicado”, constatação da qual ninguém duvida, o que torna mais urgente reafirmarmos valores que promovam uma convivência pacífica, cooperativa, justa, amistosa e que possibilite o pleno desenvolvimento dos melhores potenciais de nossos filhos e filhas.

Crianças e jovens circulam nos espaços sociais, imersos em uma determinada cultura, com virtudes e civilidade, mas também de estupidez e ignorância. De forma crescente, repercutem neles e em nós o individualismo; a forma agressiva se sobrepondo ao diálogo; a intolerância com o existir do outro; a melancolia ativa e tantas outras manifestações que ainda estamos aprendendo a entender. É difícil um diálogo que sustente o olho no olho, que estabeleça algum tipo de relação, pois, apesar de conectados, crianças e jovens parecem, muitas vezes, inacessíveis.

Talvez você pense ser exagero e não identifique o seu filho ou filha nessa breve descrição. Pode ser, mas esse é o mundo atual. Grande parte é efeito de uma guerra que debilitou nossas já frágeis estruturas internas. Analistas das dinâmicas socioculturais, como Byung-Chul Han, apontam que têm sido implodidos referenciais estruturadores, tanto os comunitários quanto os de nossa psique. Eliminamos os rituais, definidos por ele como “ações simbólicas que transmitem e representam todos os valores e ordenamentos que portam uma comunidade”. “Nesse vazio, todas as imagens e metáforas que provocam sentido e comunidade e que estabilizam a vida têm se perdido.” Pouca coisa ainda é. Esquecemo-nos de perguntar sobre o porquê desses referenciais um dia estarem ali e quais estruturas sustentavam. Pior, não colocamos nada no lugar. A sensação de que tudo está esvaindo nos remete à liquidez do mundo. Constatar essa realidade serve para nos deixar em alerta, e não como incentivo para construirmos um barco a deslizar na correnteza. 

Essa grande dimensão da humanidade chega ao miúdo da escola como sintoma, por meio desses sujeitos menores de idade. É com eles e para eles que devemos reunir o melhor que há em nós de sabedoria, força, discernimento e proposições para ajudá-los (e a nós mesmos) nessa travessia. Refiro-me a dar a eles uma paragem emocional, alguns marcos e experiências. Na escola, como o lugar do “nós”, ainda é possível construir coisas com os outros. Nosso projeto pedagógico poderá, em certa medida, dar espaço à espiritualidade, ao teatro, à dança, ao escotismo, a assembleias, à música, ao esporte, ao voluntariado, imersão na natureza, os clubes mais variados, de leitura à astronomia, e tudo aquilo que implica em acordos e convivência coletiva. Essas experiências lastreiam a vida e dão a ela uma forma mínima onde o espírito se aconchega.

A forma e a esperança estão também naqueles que não desistem e geram processos de cura, promovem o encontro e o diálogo. São eles que dão um simples “bom dia” na portaria, aos pais e mães, meninos e meninas, àqueles que varrem o pátio, aos professores e professoras. Não desistem de costurar e bordar onde o tecido social esgarçou. Reparam as brechas e colam aquilo que se quebrou. Fazem isso com os olhos, com os abraços, com a resposta branda, com a escuta paciente e com a frase “como eu posso te ajudar?". Esses são imprescindíveis e já compreenderam a escola na perspectiva da aldeia, em que todos educam. 


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