Natasha Ayres
Diretora de Integrated & Global Solutions da WTW Brasil
Avançar na agenda ESG não é uma tarefa fácil. Uma pesquisa realizada pela Grant Thornton, com empresas de capital aberto, apurou que 75% das empresas consideram o tema como prioridade, mas apenas 14% levam em conta esses aspectos na tomada de decisões. A B3, bolsa de valores do Brasil, criou em 2005 o índice de sustentabilidade empresarial (ISE), atualmente com 46 empresas de 27 diferentes setores, que mede a responsabilidade socioambiental e corporativa.
As empresas bem-posicionadas nos rankings de ESG podem ganhar acesso a recursos financeiros mais baratos no mercado de capitais. Hoje, estima-se que exista em torno de R$1 trilhão de ativos sob gestão de fundos verdes no Brasil, que dão prioridade a empresas e projetos bem-posicionados nesses critérios.
As empresas estão definindo as prioridades no campo ESG alinhadas aos objetivos estratégicos do negócio. Nesse cenário, a gestão de capital humano é outro fator fundamental para o sucesso das organizações. De acordo com a pesquisa Employee Experience 2021 da WTW, 92% das empresas esperam priorizar melhoras na experiência do empregado nos próximos três anos. Para isso, é preciso levar em consideração os seguintes fatores:
- Flexibilidade no modelo de trabalho: 82% das empresas reconhecem que as novas realidades do mercado de trabalho apontam que o modelo híbrido é indicado para diversos papéis dentro da empresa, mas reconhecem que ainda não estão prontas para implementá-lo.
- Priorizar e dar suporte a uma cultura de bem-estar: 63% das organizações admitem a necessidade de priorizar o bem-estar dos empregados para melhorar a sua experiência.
- Avançar na agenda de inclusão e diversidade: tema fundamental para pontuar nos rankings de ESG.
- Rever seus programas de contratação e reconhecimento para assegurar que a remuneração total esteja alinhada às necessidades de uma força de trabalho diversa: 54% das empresas admitem que esse é o momento ideal para alinhar o programa de compensação total
Todos esses temas de gestão de capital humano são complexos e podem representar uma revolução dentro da empresa. Mesmo as empresas bem-posicionadas no índice ISE da B3 têm dificuldades de avançar na agenda ESG neste quesito. Recentemente, o diretor de sustentabilidade da EDP Brasil, empresa que lidera o índice ISE da B3, declarou a um jornal que teve a menor pontuação no quesito capital humano por temas de inclusão e diversidade.
Um ponto de partida pode ser a empresa planejar o mapeamento dos benefícios que oferece em cada país que atua. Os talentos digitais, por exemplo, valorizam a mobilidade. Estar consistentemente bem-posicionado em relação às práticas de mercado em cada país pode ser um diferencial. Outro ponto importante é a percepção dos colaboradores sobre o que a companhia oferece como experiência atual, inclusive nas questões de inclusão e diversidade. Esses passos servirão de insumos para a definição das prioridades estratégicas com o objetivo de avançar na melhora da experiência do empregado e, consequentemente, avançar no cumprimento dos critérios de ESG
Fundamentalmente, as pessoas estão buscando conexão e propósito através do trabalho, e a aplicação dos critérios de ESG eleva a experiência do empregado por meio de um forte senso de propósito e orgulho, ou seja, o trabalho significativo que eles fazem para apoiar tais prioridades, as conexões para avançar nas metas e os retornos que veem como resultado. Tudo isso colabora para o engajamento dos colaboradores que terão um papel-chave na atração de novos talentos. Afinal, não existe melhor propaganda do que o relato de um colaborador engajado.