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Estado de Minas Artigo

A alma das coisas

O mundo nos contempla. Temos um compromisso com a democracia, o meio ambiente, o trabalho e a livre iniciativa


20/07/2022 04:00

ilustração

Os gregos nas inventivas sobre as coisas, os sentimentos abstratos e deuses, disseram tudo sobre tudo.  Muitas vezes nos referimos a essa sabedoria antiga para expressar situações como Atlas carregando o mundo (já esférico) ou o sofrimento da repetição no mito de Sísifo, a carregar montanha acima sua pedra, a qual logo que tirada dos seus ombros rolava novamente morro abaixo, obrigando-o a descer para carregá-la de novo! 

O esplendor da civilização greco-romana foi ofuscado pelo cristianismo em todas as suas versões e perversões (a inquisição nos povos latinos) obrigando o Ocidente a se curvar ao papado, não necessariamente a Jesus de Nazaré. 

A filosofia grega foi relegada pelo cristianismo. Sobraram um resquício e uma tradição. O primeiro se firmou, quando inspirado em Platão. Agostinho criou a dualidade corpo e alma. A tradição pode ser vista em Tomás de Aquino. A filosofia cristã jamais existiria se o monge não tivesse se apropriado de Aristóteles para construir a impropriamente chamada filosofia aristotélica-tomista, mais tarde lapidada pela filosofia francesa de origem religiosa. 

 A mística de Bernanos, por outro lado, sentou praça em França inspirando grandemente os filósofos católicos modernos. Lutero era um pragmático que serviu mais a um tipo de vida com simplicidade e fé do que, propriamente, a um sistema filosófico, dando azo a um cristianismo simples, mas que inspirou ali e acolá – menos na França, Espanha, Portugal e Itália, países papistas – um “protestantismo” prático e um movimento renovador, não importando as suas posteriores denominações: calvinistas, luteranos, presbiterianos, batistas etc. 

O chamado protestantismo espalhou-se pelos países do norte da Europa, inclusive nórdicos, ficando o catolicismo restrito aos países chamados hoje de latinos (Itália, Romênia, Espanha, Portugal e França). Claro, existem minorias católicas na Holanda, Alemanha, Líbano. Só para ilustrar o chamado novo mundo, de fora EUA e Canadá, deu alento ao catolicismo de Roma por força da colonização espanhola e portuguesa (Brasil).  

A religião cristã, portanto, seja maronita, protestante ou católica, sem falar nas igrejas ortodoxas da Grécia, Rússia e alhures, ocluíram o esplendor greco-romano, seja na religião, ética e filosofia. É muito, mais não é tudo. O teatro tal como o conhecemos também nasceu na Grécia. Arte e poesia (quanto devemos ao historiador e analista político Homero?) nos chegaram de graça, mas foram, aos poucos, restritos ao mais cultos. Somos da tradição judaica e cristã. É o quanto basta. 

No campo da política, o pensamento grego jamais deixou de ser atual. Mas refiro-me à Grécia antiga e à Roma, tão amada por Afonso Arinos (Amor à Roma). A Grécia atual é um país simples. E uma das perguntas mais frequentes nos meios culturais é o porquê da civilização, que parecia não ter fim, ter sido interrompida pelo domínio romano! Nunca mais se ouviu a voz dos gregos. 

Seja lá como for, somos ainda da civilização judaico-cristã e um prolongamento do mundo greco-romano. É uma honra! 

Nos damos conta disso quando invocamos o deus das pequenas coisas, “cristianizado” com o nome de São Longuinho... 

As coisas são diferentes quando pensamos na pobreza institucional da América Latina, tão carente do exemplo democrático das grandes nações. 

Somos ou queremos ser um país democrático, regido pela vontade popular, longe das tentações golpistas de Bolsonaro, que mal se aguenta na posição de presidente da República eleito, mas que, uma vez perdedor das eleições, não vai querer reconhecer o resultado. 

Aí está a dificuldade. Mas não é só rezar, é preciso votar em massa. Somos latinos da América do Sul, um país miscigenado, ao qual cabe, nos trópicos, continuar 30 anos de democracia. 

Abaixo o golpe de Estado!  Altura de 2022 é impensável qualquer retrocesso político e institucional. 

Queiramos ou não, pelo tamanho e população, o Brasil é a maior democracia do Hemisfério Sul, de fora parte o subcontinente indiano. O mundo nos contempla. Temos um compromisso com a democracia, o meio ambiente, o trabalho e a livre iniciativa.  

Nos últimos 30 anos, outros candidatos ganharam e perderam eleições. A novidade negativa é Jair Bolsonaro que não se conforma, desde logo, com a derrota! A ser assim a democracia está em risco. Temos uma cópia apagada de Donald Trump em nosso país, erva daninha a manchar o nosso brilhante passado recente. 

Está em nossas mãos evitar que o pior aconteça em nosso país, fora de época, o velho estratagema dos ditadores, a pretexto de “evitar o comunismo”, que sequer existe no planeta – a não ser em Cuba e Coreia do Norte. 

Nada nos desviará do capitalismo na economia e da democracia como fundamento do Estado de Direito que repudia a violência política, seja qual for o pretexto. 

Estou convicto de que o país permanecerá íntegro e democrático como nos últimos 30 anos.  

*Advogado, coordenador da especialização em direito tributário da Faculdades Milton Campos, ex-professor titular da UFMG e UFRJ


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