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A mulher na educação e pesquisa científica

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Clarissa Ana Zambiasi
Professora de engenharia do Centro Universitário Una

A trajetória das mulheres na educação, ciência e pesquisa, ao longo da história, traz contribuições expressivas nas mais diversas áreas do conhecimento. Mas o caminho para elas nunca foi fácil. No Brasil, de uma educação voltada aos afazeres domésticos, no período colonial, passando por uma participação tímida nas escolas públicas mistas do século 19, elas batalharam para alcançar seu lugar e ainda hoje enfrentam grandes desafios. O primeiro passo rumo à alfabetização, segundo registros históricos, foi dado por Madalena Caramuru, descendente da tribo dos tupinambás, considerada a primeira mulher do país a ler e escrever após ter sido ensinada pelo marido, o português Afonso Rodrigues, com quem se casou em 1534.





Se o acesso da mulher ao ensino regular foi difícil de ser conquistado, o ingresso dela no ensino superior foi mais uma batalha a ser enfrentada e vencida. Hoje, segundo relatório da Education at Glance 2019, uma espécie de raio-x da educação divulgado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, as mulheres brasileiras têm 34% mais probabilidade de se formar no ensino superior do que seus pares do sexo masculino, mas também menos chances de conseguir emprego. O panorama mostra, inclusive, que elas ainda enfrentam barreiras e são minorias em áreas das ciências exatas como engenharia, matemática e tecnologia, bem como entre professores universitários: em 2019, elas representavam 46,8% do total de docentes no país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mesmo que o feminismo contemporâneo tenha contribuído para transformar a posição das mulheres na ciência – temos nomes importantes em áreas como agronomia, astrologia, geologia, física e química, por exemplo – um dado causa perplexidade: dos 947 laureados com o Prêmio Nobel até 2021, apenas 57 cientistas mulheres foram agraciadas, para um total de 873 homens. Aqui, cabe destacar a brilhante contribuição de Marie Curie (1867-1934), a primeira mulher a receber um Nobel, e também de Malala Yousafzai, a pessoa mais jovem a receber o prêmio, com seus 17 anos, por seu ativismo em prol do direito de mulheres e crianças à educação.

A baixa representatividade feminina no mais prestigiado prêmio de contribuições notáveis à humanidade acende um importante alerta. Para uma mulher triunfar nesse caminho, é preciso esforço exorbitante no combate ao preconceito e ao estereótipo que associa as ciências exatas a um universo predominantemente masculino, e às desigualdades, como a de incentivos e recursos inferiores aos alocados para projetos liderados por homens.  Vale a pena enfrentar tantos desafios? Acredito que sim. Afinal, não se trata apenas de deixar um vasto legado de conhecimento, mas lutar por um reconhecimento que lhe é de direito e inspirar tantas outras mulheres que têm participação ativa nas universidades e centros de pesquisa.