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Idealismo enfermo

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Gilson E. Fonseca
Consultor de empresas
 
A história nos mostra que não há regime político-social ideal, porque todos apresentam virtudes e defeitos. No século 20, o sonhado socialismo perdeu-se pelo autoritarismo da extinta União Soviética e por deficiências na concepção do comunismo: não premia o trabalho criativo e restringe a liberdade; nosso bem maior depois da vida. O capitalismo contemporâneo, que tem lá suas virtudes, como o estímulo à produção, ao desenvolvimento e à geração de riquezas, não se livra do grave defeito de apologético da ganância. As vítimas famosas do americano Bernard Madoff, condenado a 150 anos de prisão por crimes financeiros, que o digam.





Dessa forma, o mundo, no século 21, está nos assustando pela desigualdade e espantosa queda de valores humanos, e como somos produto do meio, estamos nos distanciando uns dos outros, tornando-nos ainda mais individualistas. No Brasil, essas mudanças negativas chegaram a níveis difíceis de reversão.

Idealismo é seguir boas ideias, abraçá-las, encorajá-las, praticá-las. As pessoas, como agora, sem ideais, caminham em direção a uma sociedade mecanicista, mercenária, de que nem as igrejas escapam. Boa parte dos pregadores religiosos, sem idealismo, utiliza-se das religiões para se enriquecer, vendendo ilusões aos incautos de que é preciso dar dinheiro para ganhar o céu, criando terminologias de efeito como “sócio do Senhor”, “ofertante”, “dizimista”, “patrocinador” e outras. Ora, a “Bíblia” fala em dízimo, mas em uma época em que a Igreja se confundia com o Estado e não havia impostos como IPTU, ISS, IPVA, IR, INSS etc..

O mais assustador, com a notória perda de valores é o que aconteceu com a política brasileira, em todos os níveis. Jamais estivemos tão mal representados e até com bandidos, como revelou a Operação Lava-Jato, ocupando ministérios, Câmara dos Deputados e Senado.





Antes, as pessoas eram movidas mais pelos ideais do que por ganhar dinheiro. Hoje, muita gente é influenciada pela própria família a fazer concursos públicos em detrimento da sua vocação e formação acadêmica, visando somente à segurança e status.

As saudosas normalistas, bem preparadas e idealistas, como nas décadas até 1960, não existem mais. Essas professoras, diferentemente de agora, levavam para sua casa aqueles alunos com dificuldade de aprendizagem para lhes dar, de graça, aulas de reforço, além do prazer de ensinar e formar. Eram mestras, e não simples professoras.

Como resultado, os profissionais dessa época, acadêmicos ou não, primavam pelo idealismo em ajudar o próximo e contribuir com a sociedade em que viviam. Pais com orgulho incentivavam seus filhos, estudantes de medicina, a alimentarem o ideal de, quando formados, dar parte do seu tempo aos pobres, e eles só se sentiam realizados se assim o fizessem. Atualmente, é caso raríssimo, e quando acontece acaba mostrado na televisão como fato fantástico. Os políticos eram para servir ao povo; hoje, para se servir. Assim, a política brasileira retrata bem a agonia do idealismo e no Congresso Nacional: ele já está na UTI. 




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