(none) || (none)
UAI

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas

Por que a inflação vai cair?


12/12/2021 04:00 - atualizado 11/12/2021 21:33

Mauro Rochlin
Doutor em economia (UFRJ) e professor da Fundação Getulio Vargas

A inflação vai cair no próximo ano. Em 2021, a alta de preços medida pelo IPCA deve registrar uma variação de pouco mais de 10%. Mas, em 2022, a inflação não deve passar de cerca de 5%. Essas são as previsões de pesquisa feita pelo Banco Central junto a bancos e consultorias financeiras (Relatório Focus, 29/11/2021). Para os leigos no assunto, a previsão parece um disparate. Como a alta de preços está cada vez mais persistente, o consumidor não vislumbra essa redução. Como será possível ocorrer essa queda se os preços dos produtos básicos, como alimentos, gasolina e gás de cozinha, têm experimentado aumentos tão expressivos? Em um cenário de aumentos cada vez mais disseminados, que fatores farão com que a inflação retroceda? A resposta a essas perguntas segue abaixo. A despeito da descrença geral, a taxa de inflação deve apresentar uma forte queda nos próximos meses. O objetivo deste artigo é mostrar por que a previsão de queda da inflação é factível, e sublinhar que esse movimento já se iniciou. Quatro fatores embasam essa posição.

O crédito caro é o primeiro motivo. A taxa Selic deve superar o patamar de 11% em 2022. O      atual ciclo de alta tem afetado fortemente o custo dos empréstimos. A combinação de taxa de juros elevada e inflação alta levou a uma acomodação no consumo das famílias. É o que revela o PIB do terceiro trimestre. Dada a elevada correlação entre consumo e inflação, a conclusão lógica é que a retração na demanda deverá auxiliar na contenção dos preços.

A taxa de câmbio estável é o segundo motivo. Apesar de ainda exibir forte volatilidade, a moeda americana apresenta estabilidade na comparação anual. Aliás, em relação ao pico de 2020, a cotação, hoje, registra queda. A disparada do dólar em 2020 – mais de 25% – teve peso decisivo nos números da inflação de 2021. Se a cotação do dólar se mantiver estável (na banda entre R$ 5,50 e R$ 5,20), não haverá pressão inflacionária por conta dos importados e dos tradables. Sendo assim, do lado cambial, o cenário também é positivo.

A estabilidade no preço das commodities é o terceiro. No trimestre encerrado em novembro, após quatro trimestres de alta, o Dow Jones Commodity, o índice que reflete o preço das principais matérias-primas negociadas na Bolsa de Mercadorias de Chicago, apresentou queda. Os preços de matérias-primas estratégicas, como minério de ferro, soja, milho e petróleo, registraram recuos importantes no último trimestre. Considerando a ausência de choques externos no atual cenário, e ponderando o movimento mais recente dos preços, a possibilidade de um novo ciclo de alta se revela remota. Junto a isso, previsões de uma boa safra no Brasil sugerem que a oferta de bens não duráveis estará suprida. Do lado das matérias-primas, o horizonte inflacionário se afigura favorável.

O quarto fator é representado pela robusta, ainda que lenta, recomposição das cadeias produtivas globais. Passado o efeito da paralisação compulsória com que se defrontaram as mais diferentes redes de fabricação, os gargalos produtivos vão sendo superados. Semicondutores, material eletroeletrônico, produtos químicos, laminados, fertilizantes e toda uma gama de bens intermediários cujos processos produtivos haviam sido interrompidos, voltaram à produção a plena carga. O impacto que essas cadeias de abastecimento sofreram, em termos de custos, tende a abrandar, o que deve aliviar pressões inflacionárias do lado da oferta.

Por fim, para quem não acredita que a queda da inflação vai ocorrer muito em breve, sugiro analisar a evolução recente do IGP-M. O índice, largamente utilizado no mercado imobiliário, apesar de ter registrado uma alta de 17% em novembro de 2021 (acumulado de 12 meses), vem descendo ladeira abaixo. Em maio, a alta havia sido de 37%. Observando só a produção, a queda é ainda mais impressionante. O IPA (Índice de Preços ao Atacado), que corresponde a 60% do IGP-M, depois de ter atingido o patamar de incríveis 50%, em maio de 2021, despencou para 26% em novembro de 2021 (acumulado de 12 meses).

Ou seja, em apenas seis meses os indicadores se reduziram à metade. Essas quedas expressivas, resultado da recente redução no preço de importantes commodities, são o prenúncio do que vai acontecer com o IPCA. O arrefecimento dos preços na indústria terá forte reflexo nos balcões das lojas nos próximos meses, com impacto importante nos índices de preço ao consumidor. Em resumo: a inflação vai cair!.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)