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Estado de Minas artigo

Educação, desigualdade social e o fortalecimento dos vínculos


03/12/2021 04:00



Benedita de Fátima Delbono
Pós-doutora em comunicação pela ECA/USP, doutora e mestre 
em direito pela PUC/SP e professora de direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em Campinas
 
 
A pandemia trouxe à tona a questão já existente, mas potencializada por este evento, que é a desigualdade de oportunidade em face da educação. Existem vários fatores que podem evidenciar essa desigualdade, que passa pela fome até os recursos tecnológicos. Tendo em vista esse tema, a Agência Senado fez publicar, em 9 de agosto de 2021, a visão dos participantes de audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Regional do Senado (CDR), os quais, durante o debate, afirmaram que "a pandemia explicitou ainda mais desigualdades já existentes entre alunos pobres e ricos", bem como afirmaram que "a educação pode ajudar a reduzir desigualdades, mas precisa caminhar junto com ações em outras áreas para garantir mudanças efetivas".

E, nesse sentido, vem a fala da professora Andrea Cristhina Teixeira, da Secretaria de Educação do município de Santana do Ipanema (AL), de que a "educação é, sim, o caminho mais seguro e eficaz para neutralizar as desigualdades sociais e regionais, mas não pode segurar isso sozinha; precisa das suas primas-irmãs saúde e assistência social para trabalhar em conjunto". A referida professora também asseverou que a pandemia tornou "ainda mais significativo pensar na educação como estratégia de redução das desigualdades. Para ela, é preciso garantir não só que os alunos passem de ano, apesar deste período de dificuldades, mas que obtenham o mínimo de conhecimento necessário para que possam prosseguir nos estudos e depois na vida profissional".

Há, contudo, um outro aspecto a ser observado, que foi o impacto inicial com a ausência de recursos tecnológicos aos estudantes pobres para acesso às aulas remotas, e muitas mães tiveram que escolher qual filho estudar, por possuir apenas um celular com capacidade para o acesso.

E agora, no retorno às aulas presenciais, pede-se mais observação, diante das adaptações necessárias entre os que conseguiram, os que não conseguiram ou que conseguiram parcialmente o acesso às aulas remotas e à possibilidade de estudar, sem contar com a distinção natural que há entre um ou outro estudante que precisa mais do professor ou não.

Esse coletivo estudante em suas respectivas etapas deveria ter, minimamente, condições de acesso às aulas remotas sem ter que onerar as famílias, sendo que muitos nem sequer acesso à comida tiveram. Não há que se olvidar que os recursos tecnológicos distanciaram (e distanciam) esses estudantes, e ações tardias já impactaram, e muito, a educação, potencializando a desigualdade entre estes. Outra questão importante na retomada das aulas presenciais é o acolhimento.

Assim sendo, qualquer estratégia de redução das desigualdades pela educação deverá passar, primeiramente, pelo fortalecimento dos vínculos do grupo – do coletivo estudante – para, juntos e seguros, trilharem o caminho do conhecimento. A pandemia expôs a desigualdade e a fragilidade e, no tocante a esta última, todos estão no mesmo patamar.


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