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Estado de Minas Editorial

Abastecimento: um desafio de R$ 110 bi


22/10/2021 04:00

Às voltas com extremos do tempo e riscos típicos das mudanças de estação, o país transfere momentaneamente seu foco de preocupação: da estiagem acompanhada de queimadas se alastrando por suas áreas verdes para os temporais que abrem a estação chuvosa, rotineiramente seguidos de inundações e deslizamentos, cuja gravidade varia de acordo com as peculiaridades de cada região. Entre um e outro evento agudo, um desafio crônico que une ambos emerge de diagnóstico da Agência Nacional das Águas (ANA), que deveria ser alvo de atenção de todos os brasileiros – desde os cidadãos comuns às mais altas autoridades.

A segunda edição do “Atlas Águas” – elaborado pela ANA 11 anos após a primeira versão – dá números a um desafio que populações de unidades da Federação como Minas Gerais, São Paulo e Distrito Federal sentiram de forma mais pesada em meados dos anos 2010, e que volta a assombrá-las no início da década de 2020: a crise hídrica e a ameaça de racionamento daquele que talvez seja o bem mais indispensável à sobrevivência. A publicação traz números preocupantes para um país que parece não ter aprendido com o primeiro susto, e que não deveria esperar o próximo para tomar providências.

Dono de pelo menos 12% das reservas de água doce superficial do planeta, o Brasil tem apenas 7 milhões dos seus cerca de 213 milhões de habitantes vivendo em cidades com segurança hídrica máxima. São somente 667 municípios – em um universo de 5.570 – com sistemas de abastecimento classificados na maior escala de eficiência, segundo o atlas da ANA. Por outro lado, 50,8 milhões de pessoas vivem em 785 áreas urbanas com segurança hídrica baixa ou mínima. Entre os extremos, há 77,3 milhões de brasileiros em 1.975 cidades com segurança hídrica média, e 50,2 milhões em 2.143 municípios com alta segurança hídrica.

Para garantir a eficácia da oferta de água a quem dela já dispõe e levá-la aos demais, o Brasil precisa investir R$ 110 bilhões até 2035 para melhorar a segurança hídrica de sua população urbana, segundo o estudo mais recente da agência reguladora. Um aporte necessário para livrar os brasileiros de crises que tendem a ser mais graves à medida que crescem as cidades, a demanda por saneamento avança, a pressão ambiental se intensifica e agravam-se os efeitos das mudanças climáticas.

O atlas da ANA cita exemplos de populações que podem enfrentar insegurança hídrica em grandes regiões urbanas do país, e eles dão a dimensão da ameaça: “São Paulo e Distrito Federal, com captações próximas às cabeceiras dos principais rios; Recife, Vitória, Santos e Florianópolis, concentradas em zonas litorâneas e abastecidas a partir de bacias de pequeno porte e rios de baixa vazão; Fortaleza e Rio de Janeiro, dependentes de transposições de bacias; e Curitiba, Belo Horizonte e Goiânia, que sofrem com as pressões urbanas sobre seus mananciais e reservatórios de abastecimento”.

O estudo, feito com dados e colaboração dos concessionários locais, detalha resultados por estado e indica necessidade de intervenções, planejamento e investimentos para universalizar o abastecimento de água e garantir seu acesso com segurança aos cidadãos. Ou seja: o alerta já soou sobre as cidades brasileiras. O diagnóstico para enfrentar a ameaça, por mais que possa ser ampliado e aprimorado, já existe. Resta saber se, entre o risco e as propostas de intervenção, o país vai optar pela vertente da ação que permita enfrentar o problema, ou seguirá esperando que nova crise exija mais ações paliativas que apenas adiam o próximo colapso.


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