Augusto Vilela
Cardiologista, membro da SBC
Qualquer imagem que carrega um valor, que expressa sentimentos ou ideias, bastando apenas visualizá-la, pode ser considerada como um símbolo. Hoje (29/09) é o Dia Mundial do Coração, símbolo universal do amor. A data foi criada pela World Heart Federation (WHF) para alertar as pessoas sobre as doenças cardiovasculares, que matam 17,5 milhões de pessoas ao ano em todo o mundo, segundo dados da própria WHF.
Por amor, tornei-me médico cardiologista. O que me moveu para ir em busca do meu objetivo foi o meu avô, o qual tive o privilégio de poder cuidar, aplicando os conhecimentos que aprendi durante os anos de faculdade e residência médica. Por amor, também, exerço minha profissão cuidando do coração dos meus pacientes.
O coração é o órgão central do sistema circulatório e o responsável por bombear o sangue para diversas partes do nosso corpo. É ele que faz toda a engrenagem funcionar em equilíbrio, e quando algo não vai bem, o coração emite sinais de alerta. Esses sinais podem vir através de uma pressão arterial instável, de batimentos acelerados ou descompassados, mas, às vezes, o coração também pode nos enganar e silenciosamente sermos acometidos por um infarto, por exemplo.
O coração, tão conhecido por simbolizar o amor, também pode nos causar sofrimento e muitas das vezes somos os grandes responsáveis pelos males que causamos à nossa própria saúde. O acúmulo de gordura nas artérias coronarianas dá-se por vários motivos, entre eles uma alimentação desequilibrada e também pelo consumo de cigarro. O consumo excessivo de bebidas alcóolicas pode aumentar o risco de desenvolver doenças como a má circulação sanguínea e batimentos cardíacos irregulares. O sedentarismo pode causar infarto, trombose, angina; e outras doenças, como diabetes e hipertensão, também são fatores de risco para o coração. Às vezes, só lembramos que bate um coração em nosso peito quando o time faz um gol, quando pensamos ou estamos diante de alguém que amamos ou quando estamos sob tamanha pressão e estresse que somos capazes de sentir as batidas do coração.
Dada a importância vital desse órgão, não podemos deixar de lado os cuidados com a saúde, com a vida. Enquanto escrevo este artigo, em 27/09, de acordo com dados do site cardiômetro, ferramenta desenvolvida pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, 298.143 brasileiros perderam a vida devido a algum problema cardíaco. Cuidar da saúde do coração não tem mistério. Pode parecer clichê, mas a alimentação equilibrada e a prática de exercício físico são os pilares para a boa saúde. Mas precisamos reunir algumas práticas diárias até que elas se tornem hábitos e criar mecanismos de proteção para a saúde e o bom funcionamento do coração. Mente e corpo também precisam estar em equilíbrio. Ansiedade, estresse e depressão, por exemplo, podem acarretar problemas que direta ou indiretamente podem ter relação com alguma cardiopatia desenvolvida. Cuidar do seu coração é cuidar de si, é estar em dia com o seu bem-estar, é enxergar o lado positivo das adversidades ao invés de potencializar sentimentos negativos, é alimentar-se o suficiente para saciar a fome, é praticar atividade física ao ar livre, é ter contato com a natureza, é estar com aquele a quem amamos, é poder desfrutar das pequenas coisas da vida, é o dolce far niente, é aproveitar a felicidade no caminho. Enquanto vivemos planejando o futuro, deixamos de aproveitar o que temos de bom hoje. De acordo com dados atualizados do cardiômetro, no momento em que finalizo este artigo, 298.158 pessoas perderam a vida por doenças cardiovasculares no Brasil. E você, como vai cuidar do seu coração a partir de agora?