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Estado de Minas editorial

Vacina, sim. E para todos

Em 2020, morreram 1.207 brasileiros abaixo de 18 anos vítimas do coronavírus, segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade Infantil


22/09/2021 04:00

“O envio de vacinas para imunização de adolescentes de 12 a 17 anos deve começar no próximo dia 15 (de setembro) em todo o Brasil. Essa é a orientação do Ministério da Saúde.” “(O Ministério da Saúde) não recomenda, neste momento, a vacinação dos adolescentes que não apresentem algum fator de risco.” Apenas 14 dias separam as duas afirmações publicadas no site oficial da pasta, que define diretrizes para a proteção contra a COVID-19 entre os brasileiros.
 
Foi tempo suficiente para que o ministro Marcelo Queiroga mudasse de opinião em relação à recomendação de imunizar adolescentes – com ou sem fator de risco para a infecção pelo novo coronavírus. Mas os argumentos apresentados pelo mi- nistério para isso soaram, no mínimo, frágeis.
Inicialmente, a pasta argumentou que “entre os adolescentes de 15 a 19 anos que morreram por COVID-19,70% tinham pelo menos um fator de risco”. Dado usado para sustentar a tese de que evidências científicas “consideram o baixo risco de óbitos ou casos mais graves” nesse público, sendo recomendável, portanto, vacinar apenas jovens com alguma vulnerabilidade. A julgar pelos dados do próprio ministério, 30% dos mortos na faixa etária mencionada não enfrentavam condição de risco. Não parece pouco.
 
A mesma pasta alertava para a necessidade de aguardar a conclusão da investigação de um evento adverso grave pós-vacinação, com morte de uma adolescente de 16 anos em São Paulo. Nenhuma vida perdida pode ser minimizada, mas é preciso considerar que o caso ocorreu em um universo de mais de 2 milhões de menores de 18 anos vacinados com a 1ª dose – isso ainda no início deste mês.
O episódio apontado como sinal de alerta, portanto, representa algo como 0,00005% no total de imunizados com a dose inicial. Além do caso fatal – sobre o qual a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e autoridades de São Paulo já indicaram não ser a vacina a causa –, o ministério foi notificado de 1.545 efeitos adversos pós-vacinação em adolescentes. Algo como 0,07725% entre 2 milhões.
 
Por outro lado, em 2020, morreram 1.207 brasileiros abaixo de 18 anos vítimas do coronavírus, segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade Infantil. “À medida que mais adultos recebem suas vacinas (...), as crianças – que ainda não são elegíveis para vacinação na maioria dos países – representam uma porcentagem maior de hospitalizações e até mortes por COVID-19”, alerta a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde, Carissa F. Etienne.
 
A conjuntura ajuda a explicar a rejeição à nova diretriz do ministério, que reuniu cerca de 20 estados e igual proporção de capitais, mais o Distrito Federal, na decisão de ignorar a recomendação e manter a vacinação para todo o público entre 12 e 17 anos. A autonomia para isso foi referendada ontem, por decisão do Supremo Tribunal Federal.
 
Integrantes de movimentos de pais que pressionam pela proteção de seus filhos esperam que a postura de governos locais que se posicionam a favor da imunização de crianças e adolescentes vá além do discurso, uma vez que o ministério já sinalizou que pretende limitar o envio de vacinas a esse público. É preciso pressionar por revisão da diretriz, dentro de critérios científicos. Missão que passa por prefeitos, governadores, secretários e parlamentares, além da própria sociedade civil. Enquanto isso não ocorre, a saída parece depender de reorganização das logísticas locais, a fim de garantir que as vacinas cheguem aos jovens, que esperaram ansiosamente por esse momento. Inclusive, para que possam preservar sua saúde, física e mental, e recuperar parte da sua necessária liberdade.


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