Alexandre Silveira
Ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit),
diretor jurídico do Senado e suplente de senador
Há pelo menos 50 anos, a população de Minas Gerais aguarda uma solução definitiva para que o trecho norte da BR-381 deixe de ser visto como Rodovia da Morte e passe a ser reconhecido como Estrada da Vida. Esse sonho, feito e desfeito muitas vezes em razão de processos burocráticos e da falta de prioridades com o Estado, entre outros fatores, começa a se tornar realidade agora.
Graças à insistência e resiliência da população, o governo federal anuncia um novo edital que prevê investimentos da ordem de R$ 12 bilhões para serem executados em obras na BR-381/BR-262, no trecho de 670 quilômetros entre Belo Horizonte e Governador Valadares e de João Monlevade ao município de Viana, já no Espírito Santo. Essa rodovia é o único eixo de ligação do vetor leste de Minas Gerais com seus importantes parques industriais, destacadamente no Vale do Aço e no Vale do Rio Doce, com a Região Sudeste e o Sul do país.
Como diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit), em 2004, elaborei com uma grande equipe o projeto de viabilidade técnica, ambiental e socioeconômica da duplicação da BR-381 Norte. Nos dois anos seguintes, restauramos trechos da 381 com alargamento de pontes até o Vale do Aço, duplicamos a via no trecho urbano de Nova Era, o trecho de 4 quilômetros em Belo Oriente, o Contorno do Vale do Aço, e construímos a ponte que liga Coronel Fabriciano a Timóteo e o Viaduto da Prainha. Em 2007, conseguimos incluir a duplicação da BR-381 no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.
Desde então, como deputado federal e como cidadão, até os dias de hoje, sempre acreditei na mobilização da sociedade civil, na convergência de esforços e no diálogo entre os agentes públicos para buscar a melhoria das condições de tráfego naquela estrada.
Com o passar dos anos, criamos o movimento Marcha pela Rodovia da Vida, com a participação de gestores públicos e lideranças populares das 27 maiores cidades impactadas pela BR-381 no Vale do Rio Doce. Uma luta que contou e ainda conta com o engajamento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e de outras importantes entidades do setor produtivo do estado.
Como uma das principais rodovias federais, ao interligar os estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, a BR-381 é responsável por boa parte do escoamento da produção agroindustrial do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil, destinada ao mercado interno e à exportação. Parabenizo o empenho da população e também dos gestores municipais, deputados estaduais e federais e senadores, além do governo federal pela retomada desse projeto.
Com o empenho de todos, a nova BR-381 poderá ampliar o cumprimento do seu papel. Como Estrada da Vida, além de ser imprescindível para viabilizar e transportar o desenvolvimento regional, a 381 continuará sendo o caminho do sonho e da esperança de milhões de mineiros e brasileiros.