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Revelando o coração nos negócios


28/07/2021 04:00

Guilherme Castro
CEO Samba Hotéis
 
É fato que a sociedade contemporânea vem sendo impactada profundamente por grandes mudanças em vários âmbitos, entre eles tecnológicos, sanitários, sociais, políticos e econômicos, especialmente nos últimos 30 anos com a chegada da internet, desenvolvimento da inteligência artificial, robótica e novos modelos de negócios que vieram a reboque, mudando para sempre a lógica empresarial.

Atualmente, percebemos uma grande polarização entre dois extremos de nossa sociedade, sendo de um lado os que consideram a livre economia como baluarte do desenvolvimento e outros que reiteram sua ênfase nas questões sociais como fundamentais para a busca da prosperidade. Contextualizo dizendo que ambas as convicções, caso sejam analisadas de forma a excluir totalmente uma à outra, pecarão por não levar em consideração uma perspectiva mais abrangente e que tem a capacidade de trazer maior equidade, equilíbrio, harmonia e desenvolvimento para a sociedade.

Assim sendo, a evolução da relação entre empregador e empregado também vem demonstrando necessidade de grande aprimoramento, pois, se no século passado o modus operandi era comando e controle, atualmente vemos um grande direcionamento para a busca exacerbada das sensações. Sensações estas que impactam tanto na relação empregador-empregado quanto nos propósitos das empresas, nas pessoas e inclusive nos modelos organizacionais e sociais.

Hermam Dooyeweerd, filósofo Holandês desenvolveu sua tese sobre a soberania das esferas e aspectos modais ainda no século 20. Essa análise, que tem grande serventia também para o mundo dos negócios, nos direciona para uma avaliação mais abrangente sobre a vida e, consequentemente, sobre modelos de negócios.

Para ele, há 15 aspectos ou componentes que direcionam a vida e cada um deles tem relação direta. Somente essa relação equilibrada pode nos trazer benefícios reais. Entre os aspectos comentados estão os psíquicos, sociais, econômicos, jurídicos, éticos, estéticos (harmonia), sensitivos, analíticos, linguísticos, lógicos e até a fé.

Segundo o mesmo e levando em conta o dualismo atual de nossas perspectivas enquanto sociedade, ou seja, econômico versus social, não poderemos criar tal equidade uma vez que nos faltarão outros componentes. Vou oferecer três exemplos para entendermos a importância de encerrarmos essa visão de mundo míope e dual.

Exemplo 1: Uma empresa que é extremamente rentável enquanto negócio, mas onde as pessoas são exploradas enquanto condições de trabalho, salário, etc. (visão econômica clássica).

Exemplo 2- Uma empresa onde as pessoas possuem grande qualidade de trabalho, são bem pagas, mas a empresa não é lucrativa (utopia social).

Exemplo 3- A empresa é rentável, as pessoas possuem qualidade de trabalho, são bem pagas mas, mesmo assim, parte desses empregados têm sérios problemas psíquicos atrelados ao trabalho (ansiedade, depressão) e a empresa não atua de forma ética no pagamento de tributos e questões jurídicas.

Esses exemplos não nos trazem harmonia enquanto sociedade, uma vez que falta no caso 1 um pouco de social, falta no 2 um pouco de econômico e falta no 3 ética, questões psíquicas e jurídicas.

Percebo que, com a pandemia, temos que avançar enquanto análise do mundo dos negócios e da vida como um todo. A harmonia é a palavra da vez, considerando que o planeta não suporta a extração desenfreada de recursos, as pessoas sofrem com  desigualdades sociais e também com distúrbios psíquicos atreladas ao trabalho e à falta de propósito, inclusive altos executivos bem remunerados.

E, por fim, a economia sofre grandemente por modelos de negócios malfeitos que não levam as empresas e seus stakeholders a auferirem lucro e compartilhamento de propósito de forma perene.

A crise é um grande exercício de autoanálise, e me arrisco a dizer que a culpa não é totalmente da COVID-19 ou pela recessão que o mundo enfrenta, mas sim de uma sociedade doente que se polariza cada vez mais e que se torna refém de seus próprios “ismos”. Teorias concebidas e imutáveis em que cada um analisa o mundo com sua própria lente, em vez de buscar aglutinar os componentes em prol de algo maior que o indivíduo ou ponto de vista em si.

Para tal a proposta é necessário olhar a empresa e modelos de negócios mais com o coração, órgão que simbolicamente unifica alguns dos principais aspectos oferecidos por Dooyeweerd. O coração tem o componente das sensações (questão psíquica) e é nele que se encontra um grande número de neurônios, dando vazão para a lógica. Ademais, é no coração que mora o amor e, portanto, a ética, e nele também estão a fé e esperança. Para além disso, o coração bombeia o sangue para nosso corpo e nos mantém vivos (componente biológico).

Até por esse último exemplo, segundo Jeff Van Duzer, diretor da escola de negócios da Seatlle Pacific University, se os negócios fossem o corpo humano, o lucro seria o sangue que por meio do coração nos mantém vivos, mas não o propósito em si. Conseguiremos encontrar propósito em nossas vidas somente com a interação sadia entre os componentes, de forma a criar a harmonia necessária para crescermos enquanto sociedade.
 


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