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Estado de Minas

Inteligência artificial e seu impacto heterogêneo no futuro do trabalho


22/07/2021 04:00



Michelle Hanne Soares
Pesquisadora em ciência de dados e professora 
no Centro Universitário Newton Paiva

Como será o futuro do trabalho com o uso de soluções que envolvem a inteligência artificial (IA)? Para responder a esse questionamento instigante, o primeiro passo é analisar o cenário econômico. A grande capacidade de processamento de dados, juntamente com o desenvolvimento de IAs, geram soluções automatizadas, que exercem impacto direto no trabalho.

Segundo uma pesquisa global da consultoria McKinsey, a pandemia acelerou ainda mais esse processo. Um levantamento realizado em junho de 2020 com 800 executivos seniores apontou que dois terços deles estavam aumentando os investimentos em automação e IA. Enquanto isso, os números da produção de equipamentos de robótica na China superaram os níveis pré-pandemia, já em junho de 2020.

Para quem quer trabalhar com IA, a principal tendência diz respeito ao desenvolvimento de soluções. Nesse contexto, devem surgir muitas oportunidades para quem atua nas áreas de computação, engenharias, matemática e estatística. Profissionais que devem ser cada vez mais disputados e valorizados.

Também é importante mencionar o papel exercido pelos humanos de treinar as IAs, analisar e explicar os algoritmos, além de interpretar as saídas e checar inconsistências e conformidades. Como, por exemplo, sistemas de IA são utilizados em escritórios de advocacia para analisar tendências de juízes ao julgar temas específicos, possibilitando maior especificidade à defesa.

No livro “Humans + Machine: Reimagining work in the age of AI” (2018), os autores Paul Daughtert e H. James Wilson exploram a teoria do meio campo ausente, que se refere às atividades híbridas entre humanos e a máquina. Nesse caso, os profissionais de outras áreas, como direito, saúde, jornalistas e professores, deverão se adaptar e atuar como treinadores das IA para que a tecnologia dê suporte à tomada de decisão.

Outra vertente da teoria aborda que, ao ser incorporada e integrada à rotina dos humanos, a IA pode proporcionar “superpoderes” a eles. Como executar tarefas autônomas e de baixo escalão, como limpeza de ambientes, priorização de recursos em linhas de montagem, identificação de padrões em tempo real e personalização de ofertas em um e-commerce. A tecnologia tem sido muito utilizada também na medicina. Os robôs estão cada vez mais presentes e atuantes em cirurgias, potencializando o sucesso e minimizando o risco de imprecisões

Esse aspecto suscita também uma preocupação geral da população sobre a extinção de profissões. O relatório da McKinsey, de junho de 2019, aponta que atividades com maior risco de substituição por IAs são trabalhadores de serviços (30%) e operadores de máquinas (40%). Nesse contexto, serviços como caixa de supermercado, telemarketing, vendedor e porteiro são os mais vulneráveis, por serem ocupações de rotinas físicas e cognitivas que as IAs treinadas possam substituir.

Por isso, a tendência para os profissionais do futuro está relacionada com atividades que somente os humanos podem desempenhar, como liderar, criar, julgar e ter empatia. Sobretudo, as pessoas devem desenvolver habilidades técnicas em IA em cada profissão, para atuarem no meio campo ausente, juntamente com as máquinas. Compreender o funcionamento dos algoritmos, bem como a capacidade analítica de dados, será fundamental para cada profissional no futuro.


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