Gilson E. Fonseca
Sócio e diretor da Soluções em Engenharia Geotécnica Ltda. (Soegeo)
O prefixo infra, como todos nós sabemos, significa abaixo. Portanto, infraestrutura é o que deve vir primeiro para dar suporte a qualquer projeto. No Brasil, os governos passados, sobretudo petistas, abandonaram conceitos gerenciais de planejamento, negligenciando-o, colocando interesses políticos acima de tudo. O governo atual tem dado mostras de atacar a base para o crescimento sustentável. Quiçá a sociedade se engaje, pois não há crescimento sem infraestrutura adequada. O que acontecia eram espasmos, bolhas de crescimento, como aconteceu em 2010, que logo se desfizeram. Sem espírito público verdadeiro, não podemos almejar crescimento médio dos países chamados Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Desse grupo, quem tem se destacado é a China, e não é por acaso, porque desmitificou que infraestrutura é somente espaço físico, obras. Foi ela quem mais investiu, primeiramente em educação, e, em consequência, desenvolvimento tecnológico, modernização do seu parque industrial, além de maciços investimentos em construção de estradas, metrôs, portos, pontes, aeroportos, saneamento, indústrias de base etc. A Índia também segue o mesmo caminho.
A corrupção que campeou em nosso país, nos governos Lula e Dilma, estimada em 2,3% do PIB por ano, que equivalem, hoje, a R$ 170 bilhões, além das perdas monetárias diretas, impossibilitou investimentos e paralisou projetos da maior importância. Os tribunais de Contas dos estados e, sobretudo o Tribunal de Contas da União, têm feito seu trabalho em apontar irregularidades. Como esses desvios eram recorrentes, licitações foram suspensas e obras em andamento paralisadas. Em Minas Gerais, a BR-381, trecho Belo Horizonte-Governador Valadares, metrô e o Anel Rodoviário da capital são os maiores exemplos dessa complexidade. Na malha rodoviária brasileira, de cerca de 90 mil quilômetros, apenas 15% estão sob contrato de concessão. A maioria continua na humilhante operação tapa-buraco, que ceifa vidas humanas, enfraquece o escoamento da produção e encarece o frete, um dos mais caros do mundo. Esse patrimônio tão desprezado, se considerarmos um custo médio de US$ 1 milhão/quilômetro de estrada, vale US$ 90 bilhões (mais de R$ 450 bilhões). Outra falta de investimento é em ferrovias, que, pela dimensão continental do Brasil, nossa malha ferroviária é uma das menores do mundo. Temos hoje 29 mil quilômetros de ferrovias e menos de 20 mil em operação; enquanto D. Pedro II construiu 10 mil quilômetros no século 19.
O governo Bolsonaro, com disposição e uma boa equipe, estava com todas as condições básicas para dar uma guinada nessa situação. Forças paralelas como o Legislativo federal, vaidades e interesses escusos têm atrapalhado muito. Se não bastasse, chega a COVID-19 como um tsunami à economia e ao custo Brasil. Outra dificuldade recente são as denúncias de corrupção na compra de vacinas, mesmo ainda não esclarecidas, que afetam a gestão do governo federal. A luta está sendo e será árdua, mas uma coisa é certa: os conhecidos “empréstimos” escandalosos aos amiguinhos ditadores, vulgo socialistas, acabaram, bem como gastos bilionários com estádios de futebol e olimpíadas. Só nos resta esperançar.