Alberto Pereira de Souza
Engenheiro florestal pela Universidade Federal de Viçosa, mestre em Ciência Florestal pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Tudo indica que as consequências econômicas para o Brasil decorrentes da COVID-19 deverão se estender pelos próximos anos. Nesse cenário, com foco estratégico no futuro econômico do país, precisa-se discutir a criação de um fundo excepcional para a continuação do pagamento do auxílio emergencial e outras transferências de renda, como também para financiar nos próximos anos as micro, pequenas e médias empresas com juros baixos, considerando o ressarcimento aos cofres públicos em longo prazo, ou seja, cinco, 10, 20 anos.
Digo isso porque qualquer discussão ou decisão hoje sobre o futuro econômico do Brasil precisa considerar que estamos atravessando um dos mais graves momentos da história deste país e do mundo. Em momentos assim, as soluções econômicas precisam ser caracterizadas também pela excepcionalidade. As grandes crises econômicas e suas soluções em todo o mundo mostram isso. As decisões de todos os governos do país no curto prazo impactarão o desenvolvimento socioeconômico brasileiro nas próximas décadas, para o bem ou para o mal.
Um dos desafios é proporcionar aos brasileiros a possibilidade de sobrevivência no curto prazo, mesmo que mínima, por meio da continuidade das atuais transferências de renda
Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em publicação de janeiro de 2019, o Brasil tinha naquela época 14 milhões de micro e pequenas empresas, sendo 28 milhões os seus empreendedores. Essas empresas respondiam por 55% do total de empregos formais no país, por 55% na oferta do primeiro emprego, por 44% na massa salarial total, por 27% no produto interno bruto brasileiro.
A participação das micro, pequenas e médias empresas torna-se mais impactante na formação do Produto Interno Bruto brasileiro à medida das suas interrelações diretas com as grandes empresas, tanto como demandadoras, como fornecedoras de bens e serviços. Indiretamente, muito importante enfatizar que, a partir dos empregos gerados, elas também criam uma força de consumo fundamental para as grandes empresas, fechando um ciclo virtuoso e necessário para a economia do país como um todo. Torna-se fácil concluir, portanto, que o maior motor para o Brasil superar estes tempos de pandemia pela COVID-19 e os tempos difíceis que ainda estão por vir são as micro, pequenas e médias empresas.
Enfim, onde conseguir os recursos financeiros e quanto a pagar por eles merece amplo debate na sociedade para viabilizá-los. Os desafios cruciais neste momento são proporcionar aos brasileiros a possibilidade de sobrevivência no curto prazo, mesmo que mínima, por meio da continuidade das atuais transferências de renda; possibilitar às micro, pequenas e médias empresas condições de sobrevivência e de crescimento; e aos empreendedores dessas empresas, fôlego e tranquilidade para eles continuarem a cumprir os seus papéis imprescindíveis na melhoria do desenvolvimento socioeconômico brasileiro, tanto para a diminuição da pobreza, como para uma melhor distribuição de renda no Brasil.