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EDITORIAL

Proteção à vida

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Até por volta do meio-dia de ontem, o Brasil havia vacinado pouco mais de um quarto da população com uma dose de imunizantes contra o novo coronavírus, cerca de 55 milhões de pessoas. No mesmo horário, os imunizados com duas doses somavam 23,7 milhões. Sem o Ministério da Saúde conseguir acelerar a imunização e com o crescente relaxamento de medidas protetivas país afora, especialistas insistem que é grande o risco de uma devastadora terceira onda de COVID-19 se abater sobre o território nacional, ampliando a tragédia que beira hoje os 500 mil mortos pela doença. 





No fim da última semana, o presidente Jair Bolsonaro surpreendeu, ao anunciar a intenção de desobrigar o uso de máscaras por parte dos brasileiros que já tomaram a vacina ou já foram infectados pelo coronavírus, no momento em que a situação do país é uma das mais preocupantes do planeta, com média de mortos em torno de 2 mil por dia e cerca de 65 mil registros diários de novos infectados. "Acabei de conversar com um tal de Queiroga. Não sei se vocês sabem quem é. Nosso ministro da Saúde. Ele vai ultimar um parecer visando desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que já estejam vacinados ou que já foram contaminados", disse. 

Queiroga admitiu que recebeu o pedido do chefe do Executivo. E deixou claro que, antes, será preciso imunizar a população. É o que vêm fazendo países com avançado processo de vacinação, como os Estados Unidos, Reino Unido e Israel, que começam a voltar à normalidade e, aos poucos, vão permitindo que as pessoas imunizadas possam circular sem máscaras em determinados ambientes. 

No entanto, o Brasil ainda está longe de alcançar um patamar de vacinação semelhante ao desses países. "A gente não tem nem 20% da população totalmente vacinada com duas doses. Não há nenhuma segurança para tirar a máscara. Não podemos ter esse relaxamento se antes não tivermos, pelo menos, 50% da população vacinada", afirmou a infectologista Anna Cristina Tojal, do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. "Até quem foi vacinado pode pegar o vírus, não adoecer, mas ainda transmitir", alertou. 





Mesmo em países onde a vacinação está avançada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vê com preocupação o relaxamento das medidas protetivas. No Reino Unido, por exemplo, cientistas temem a ampliação da volta ao normal, prevista para 21 deste mês, devido ao recente aumento nos casos de COVID-19 pela variante Delta, surgida na Índia. É a mesma cepa que angustia cientistas no Brasil. Eles temem que a chegada de uma terceira onda seja ainda mais letal em um momento de fragilidade do país, com o número diário de mortes e casos em patamar muito elevado e com a vacinação em marcha lenta. 

Em boletim divulgado na sexta-feira, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) também reforça a preocupação de gestores em relação a uma terceira onda de coronavírus no país, com o aumento de casos confirmados de COVID-19. Na semana passada, 51,4% das cidades apontaram crescimento no número de infectados. E 23,7% alertaram para o risco de enfrentarem a falta do chamado kit intubação. Como se vê, é uma situação perturbadora.

audima