Jornal Estado de Minas

Chegou a hora!

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis

Luiz Antônio Athayde Vasconcelos
CEO da Héstia Consultoria e Estratégia Econômica 
 
Neste ambiente político-institucional esgarçado por conta da pandemia, com os vetores que levam às eleições do próximo ano já atirantados, causou impacto o anúncio de que o PIB do Brasil deverá alcançar 5% ao ano, como piso e não mais como teto. Mesmo com as ressalvas e os riscos pontuados por economistas experientes sobre esse crescimento, puxado pelo agronegócio, a rearrumação de cenários e de novas projeções tomaram conta dos departamentos macrométricos dos bancos com a revisão de investimentos por parte de inúmeras cadeias de suprimento. O pulso do mercado não ficou para trás: sobreveio um clima de indisfarçável euforia. 





Já há tempos sabe-se que o setor do agribusiness no país virou locomotiva da economia nacional, sem nunca ter parado de crescer, descolado de outros macrossetores. Numa visita que se faz a uma cidade no meio-oeste brasileiro, é inevitável defrontar-se com um choque de prosperidade. Investimentos de toda ordem, prefeitos focados na qualidade das escolas, renda elevada para pagar serviços médicos de primeira, residências de padrão superior a todas as classes e um vaivém de carros que não custam menos de R$ 100 mil. Parece um eldorado, dentro de um país pontilhado de desigualdades.  

Os efeitos perversos da pandemia para o grosso do contingente populacional brasileiro e de um sem-número de setores deu-se de forma diferente para esse setor ligado ao campo. Parece que a crise encostou na porteira das propriedades e não a transpôs. Nenhuma máquina foi desligada, nenhuma unidade de processamento reduziu turnos, nenhum hectare deixou de ser plantado. Tal fato só fez realçar a dinâmica intrínseca do macrossetor e de seus diversos segmentos, apresentando números surpreendentes, tal como um crescimento de 1,2% ao ano, se comparado com o primeiro trimestre de 2020. 

Foram 272 milhões de toneladas de grãos em 69 milhões de hectares, com o embarque acelerado de novas tecnologias, com fortes encomendas colocadas nos setores de máquinas, equipamentos, fertilizantes e na construção de novos parques de silagem e de armazenamento. O mundo lá fora, ávido, com estoques baixos, compra tudo o que se produz e o que aqui se minera e paga em moeda forte. O Bacen, por conta, vem contabilizando seguidos superávits em moeda externa. 

Com a nova plataforma de investimentos em macroinfraestrutura de transportes – portos, rodovias e ferrovias – que se avizinha, a iniciativa privada à frente, o salto estrutural do agronegócio será ainda maior com o transbordamento de eficiências e de coeficientes de produtividade para outros setores que também demandam o deslocamento de cargas unitizadas.





E Minas Gerais? Destarte o sólido desempenho desse setor no estado, porteira para dentro, onde em alguns subsetores ocupa a liderança nacional, ainda somos capengas em deter uma plataforma de infraestrutura que possa conferir níveis mais elevados de eficiência na formação final dos preços das commodities originárias das proteínas animais e vegetais. Ao ampliarmos o foco para outros setores produtivos e considerarmos a infraestrutura aérea (à exceção do BH Airport, já concessionado), por décadas o estado continua refém de vários erros de estratégia e mesmo de omissão política que nos faz ainda quedar com uma plataforma multimodal encarquilhada, do meio do século passado, carente de rápida modernização enquanto ao nosso redor a realidade já anda em trilhos mais largos. 

Ocorre que Minas traz uma singularidade por conta de seu território estar no epicentro geográfico para onde converge o país. Todavia, ainda muito distante de ser reconhecida como a principal rótula da logística nacional, onde os três modais de transportes já poderiam estar melhor articulados, oferecendo alta conectividade, a começar pelo aguardado contorno metropolitano da RMBH. Um diamante bruto a lapidar!

Quando isso acontecer e as franjas desses equipamentos de infraestrutura rodoferroviários forem ocupados por grandes áreas de processamento, de parques industriais de quick assembling, de logística avançada voltados para o e-commerce, advirá um novo ciclo econômico, justo a partir da logística. Será quando o estado poderá celebrar uma fortíssima onda de novas oportunidades, comparáveis, senão em níveis mais elevados, em termos de geração de empregos e de formação de renda, do boom hoje experienciado pelo meio-oeste do país.
 

audima