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Estado de Minas editorial

O jogo da vida

As atenções devem estar concentradas em oferecer vacinas para toda a população


01/06/2021 04:00

Nenhum país da América Latina tem condições de sediar a Copa América. Não neste momento, com ameaça de uma terceira onda da pandemia do novo coronavírus. A região concentra cerca de um terço de todas as mortes do planeta pela COVID-19 e está muito atrasada na vacinação contra a doença. No Peru, depois de revisados os dados, o total de vítimas triplicou. Na Argentina, que seria uma das sedes da competição, pessoas estão morrendo em filas de hospitais por falta de leitos de UTIs. Na Colômbia, outra sede inicial do campeonato, além do descontrole do vírus, há uma brutal crise política. No Brasil, já são mais de 462 mil óbitos, com média diária ainda próxima de 2 mil.

Quando o recorte se restringe à América do Sul, dados da Universidade de Oxford mostram que a região lidera o ranking mundial de média móvel de novas mortes pela COVID-19 por milhão de habitantes, segundo informações do último dia 30. É justamente no Paraguai, onde fica a sede da Conmebol, que está a pior situação, com 14,5 óbitos para cada milhão de pessoas. O Uruguai aparece na segunda posição, com 14, seguido por Argentina, com 11, Colômbia, com 10, e Brasil, com 9. Mesmo com esse quadro assustador e as recusas de vários países em abrigar a Copa América – incluindo os Estados Unidos, exemplo de vacinação –, a Conmebol insiste em levar adiante o seu projeto. Por que não pode esperar um momento mais propício para realizá-lo?

As negativas de vários países – o Chile também disse não – em sediar a Copa América não devem ser vistas como preciosismo. Muito pelo contrário. Indicam que há governantes responsáveis, que veem no evento um risco enorme de disseminação do novo coronavírus. Por mais que os defensores do campeonato digam que os jogos não terão público e que são apenas 10 times, cada equipe com até 65 pessoas, todas vacinadas, há muita coisa em jogo. Aglomerações vão se formar em torno de estádios e de hotéis que hospedarem as delegações. Uma competição como essa exige uma enorme infraestrutura de segurança.

O Brasil, que desponta como nova sede da Copa América, diz que foi demandado pela CBF sobre a possibilidade de abrigar os jogos. Num primeiro momento, o governo dava como certa a realização do campeonato por aqui, sobretudo pelo potencial econômico do evento. Mas, diante da enorme repercussão negativa, o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, disse que a decisão só sairá nesta terça-feira. Espera-se que, depois da compreensível euforia de o país sediar uma competição tão importante, o bom senso prevaleça. As atenções devem estar concentradas em oferecer vacinas para toda a população. É hora de protegê-la, não de colocá-la em risco.

Os defensores da Copa América alegam que o Brasileirão está sendo realizado em todo o país, que os campeonatos estaduais ocorreram sem problemas. Pois vamos nos contentar com isso. Não é hora de festas, mas de compaixão. Famílias estão destroçadas pela pandemia. Pais enterraram filhos. Crianças e adolescentes perderam seus protetores. O futuro de muita gente está comprometido. Quando a pandemia estiver sob controle, a vida voltará à normalidade. E os estádios de futebol lotados serão o retrato mais vistoso de que o Brasil venceu a crise sanitária. Até lá, porém, vamos nos dar ao respeito.


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