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Estado de Minas editorial

Ianomâmis pedem socorro

Não por acaso, a exposição dos indígenas à crise sanitária acabou parando no Supremo Tribunal Federal


18/05/2021 04:00

Há mais de uma semana, indígenas da etnia Yanomami de Roraima vêm fazendo alertas sobre a violência da qual têm sido vítimas por parte de garimpeiros sem que nenhuma autoridade saia em defesa deles. Invasores de terras estão disparando tiros contra as tribos, além de bombas de gás lacrimogênio. Pelo menos duas crianças, uma de um ano, outra de cinco, morreram afogadas ao tentar se proteger dos ataques. Se nada for feito imediatamente para conter a ação dos garimpeiros, o risco de uma matança será enorme.
 
Desde que os conflitos começaram, depois que os indígenas apreenderam uma carga de 990 litros de combustível e expulsaram cinco invasores de suas terras, a tensão só aumentou. A Polícia Federal chegou a despachar um grupo de agentes para o local, mas nada de efetivo foi feito para que a violência diminuísse. Tanto que o vice-presidente da Associação Yanomami Hutukara, Dário Vitório Kopenawa Yanomami, encaminhou mais uma carta pedindo socorro à Fundação Nacional do Índio (Funai), à PF, ao Ministério Público Federal e à 1ª Brigada de Infantaria de Selva do Exército.
 
Os indígenas querem que as autoridades criem um posto avançado emergencial na comunidade de Palimiu para manter a segurança no local. Eles também requisitam um cinturão de proteção no Rio Uraricoera, por onde os garimpeiros têm chegado. Até agora não houve respostas contundentes por parte do governo. No máximo, a Funai disse, por meio de nota, que está averiguando o “suposto conflito” e que acompanha, junto às autoridades policiais, a apuração do ocorrido. Chamou a atenção, porém, o trecho em que a Funai ressaltou que não compactua com “juízos açodados, emitidos antes que seja concluída a rigorosa apuração dos fatos pelos órgãos competentes”.
 
A Funai, portanto, deixou claro que não está convencida de que os ianomâmis são vítimas de invasores de terras. Esse, por sinal, é o pensamento de boa parte do governo, que vem dando reiteradas declarações a favor do garimpo em terras indígenas. Tais sinalizações incentivam que grupos armados ocupem áreas cada vez maiores na Amazônia, seja para o garimpo ilegal, seja para a derrubada de áreas para a comercialização de madeiras. A impunidade está sendo chancelada por autoridades que deveriam cumprir o que manda a Constituição.
 
Nos últimos dois anos, a proteção de áreas indígenas deixou de ser prioridade do governo. Nenhuma área foi demarcada e, no que depender das autoridades, as reservas devem diminuir, com partes dos territórios sendo exploradas economicamente, principalmente, pela mineração. O descaso se escancarou durante a pandemia, pois não houve uma política coordenada para vacinação nas comunidades, especialmente as que ficam em áreas urbanas, que são mais vulneráveis ao novo coronavírus. Não por acaso, a exposição dos indígenas à crise sanitária acabou parando no Supremo Tribunal Federal (STF).
 
O grito de alerta dos indígenas foi dado. Se nada for feito de concreto – e rapidamente –, tribos inteiras serão dizimadas. A sociedade não deve fechar os ouvidos. O Brasil já cometeu erros demais com os povos originários. 


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