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Estado de Minas editorial

As devidas responsabilidades

A CPI será uma oportunidade preciosa para que o governo explique os motivos de ter conduzido o combate à pandemia de forma errática e desencontrada


21/04/2021 04:00




A conduta do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia será avaliada no Congresso Nacional por uma Comissão Parlamentar de Inquérito. A CPI, que inicia os trabalhos na próxima terça-feira, foi instalada no Senado para apurar as ações do governo federal no combate à COVID-19. A omissão no agravamento da crise sanitária no Amazonas, onde faltou oxigênio para os pacientes internados, ganhará atenção especial nos debates. O Ministério da Saúde, até então sob comando do general Eduardo Pazuello, tinha sido alertado para o problema dias antes, mas demorou para agir e mais de 30 mortes foram computadas pela falta do insumo.
 
Será uma oportunidade preciosa para que o governo explique os motivos de ter conduzido o combate à pandemia de forma errática e desencontrada, com a substituição de três ministros da pasta responsável pelo ordenamento e planejamento de ações sanitárias. Certamente os parlamentares irão questionar, entre outros itens, o incentivo ao uso de medicamentos que, além de não eficazes, têm provocado reações adversas graves, levando à necessidade de transplante de fígado e até a morte.
 
Tivesse o presidente assumido o protagonismo no enfrentamento da maior crise sanitária da história brasileira, certamente o país estaria chorando menos óbitos do que as 375 mil mortes, além dos mais de 14 milhões de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus. Hospitais sem medicamentos para intubação de pacientes, profissionais de saúde exauridos e falta de leitos de UTIs mostram como houve problemas na gestão do governo e do seu Ministério da Saúde para o enfrentamento da COVID-19. Por isso, os três ministros que ocuparam a pasta em 2020 – Henrique Mandetta, Nelson Teich e Pazuello – devem prestar esclarecimentos não apenas sobre as diretrizes, ações e orientações institucionais, mas também sobre erros e omissões.  
 
Cabe aos parlamentares, também, desempenhar papéis não de apoiadores incondicionais do governo ou de militantes aguerridos da oposição, mas de atuar de acordo com os interesses da população. Esclarecer, por exemplo, os reais motivos da demora para a compra de vacinas. Por várias vezes, o governo federal teve a oportunidade de adquirir imunizantes para proteger a população. Em agosto do ano passado, a Pfizer ofereceu a vacina e o presidente recusou, da mesma forma que fez pouco caso da chinesa CoronaVac, falando em dezembro que a pressa pela compra dos imunizantes “não se justificava”, atrasando o Programa Nacional de Imunização. Bolsonaro ainda insiste na tese de que o país tem um “desempenho excepcional” na campanha de vacinação, mas até hoje só conseguiu imunizar quase 13% da população.
 
Muito pouco para um país que pode atingir a marca de 500 mil mortes por COVID-19 até julho, segundo especialistas. O surgimento de novas variantes com poder de contaminação mais veloz alerta para a necessidade de acelerar o ritmo de imunização para conter a escalada do vírus. Enquanto isso não acontece, o lockdown é defendido pelo neurocientista e professor catedrático da Duke University (EUA) Miguel Nicolelis como única saída para reduzir o número de mortes e contaminações de COVID-19 e desafogar o sistema de saúde.
 
E enquanto outros países começam a reabrir a economia e as cidades com a pandemia sob controle e grande parte da população vacinada, o Brasil continua com dificuldade em enxergar uma luz no fim do túnel. Que a CPI, sem politização e com rigor, apure as devidas responsabilidades.


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