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Estado de Minas Editorial

Incerteza ronda a vacinação


11/04/2021 04:00

Depois de muita relutância, o Ministério da Saúde admite que a imunização contra a COVID-19 pode parar. Faltam insumos para que o Instituto Butantan, que responde, atualmente, por nove em cada 10 vacinas aplicadas no país, siga produzindo as doses necessárias. A situação também é preocupante na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que, sistematicamente, tem jogado para baixo a previsão de entregas ao plano nacional de proteção à saúde da população prometido pelo governo.

Na última quarta-feira, o Butantan paralisou a produção de vacinas por falta de IFA (insumo farmacêutico ativo) e a previsão é de que a China entregue a matéria-prima dentro de uma semana. A Fiocruz diz ter o insumo para até o início de maio. Não por acaso, a imunização dos brasileiros tem sido muito lenta. Até agora, 20 milhões receberam a primeira dose e só 6 milhões, a segunda. Curitiba e Goiânia suspenderam a vacinação por falta de vacinas. No Distrito Federal, há incertezas quanto à continuidade do processo de imunização.

Em oposição a esse quadro, o número de óbitos cresce dia a dia, e já chegou a ultrapassar 4 mil vítimas a cada 24 horas. Especialistas anteveem que, diante do aumento exponencial de infectados, do colapso nas redes hospitalares pública e privada, da escassez de oxigênio e medicamentos, serão 5 mil mortes diárias no país. Acrescente-se, ainda, a vacilante política de estados e municípios na decretação de medidas restritivas, que acabam cedendo às pressões de diferentes segmentos produtivos e políticos. O relaxamento do isolamento social agrava a situação.

O governo federal, por sua vez, contrário às orientações dos sanitaristas, é o primeiro a contestar a suspensão das atividades econômicas para conter a propagação do vírus. Faz sinalizações opostas às orientações até mesmo do Ministério da Saúde. Instiga a população a ignorar as recomendações da ciência e a retomar suas atividades normalmente, como no período pré-pandemia, pois teme que a economia naufrague. Abriu mão da sua prerrogativa de coordenar, em âmbito nacional, o enfrentamento da epidemia, embora o Brasil tenha o melhor programa de imunização do planeta, com eficácia reconhecida pelas nações desenvolvidas.

O ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, afirmou que o governo “não tem vara de condão” para solucionar os atrasos na entrega de vacinas. Ninguém espera mágicas do poder público para estancar o morticínio. É imperioso, no entanto, que providências sejam adotadas com a rapidez que a tragédia sanitária impõe. São mais de 350 mil mortos e, no atual ritmo, o semestre poderá fechar com quase 500 mil, projetam epidemiologistas.  

A responsabilidade, em grande parte, é do governo federal. Recusou propostas de laboratórios, como as da Pfizer, apresentadas em meados do segundo semestre de 2020, por entendê-las “draconianas”. O início da imunização foi postergado pela incapacidade de fechar contrato com os laboratórios, quando países europeus e os Estados Unidos avançavam na vacinação. A primeira dose foi aplicada no Brasil em 17 de janeiro — mais de um mês depois do início da campanha no Reino Unido.

De lá para cá, quantidades de vacinas e datas não se confirmaram por uma sucessão de desencontros entre os discursos e a realidade, ou melhor, contratos que não foram fechados no momento certo e necessário. Torna-se urgente — para ontem — que as autoridades governamentais mobilizem todas as forças e mecanismos diplomáticos disponíveis para que haja insumos e vacinas, evitando a descontinuidade do processo de imunização da população. O surgimento de novas cepas, transformando o Brasil em celeiro de variantes, o coloca à margem dos países que privilegiam a vida, sem a qual a economia também morre.


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