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Estado de Minas editorial

Os embalos irresponsáveis

Essa galera festeira contribuiu e continua a contribuir para o agravamento da escalada da COVID-19 no país


04/04/2021 04:00 - atualizado 03/04/2021 20:03

Movido a bebida alcoólica, música, paquera e aglomeração, há um Brasil que insiste em desafiar o coronavírus. Em vez de isolamento, essa turma prefere o tête-à-tête de baladas, pagodes, pancadões e outros eventos interativos menos republicanos. De preferência, sem máscara, sem distanciamento social, sem a adequada higiene das mãos. Os locais escolhidos para esses encontros são os mais variados. Vale desde hotel, bar, chácara, praia e até mesmo cassino clandestino, como aquele em que o atacante Gabigol foi flagrado em São Paulo quando estava de férias. O fato é que existe uma parcela da população com comportamento fora da curva na pandemia. Em geral, são jovens cuja inconsequência pode ser letal para eles mesmos, para pessoas próximas e para todos os brasileiros.
 
Essa galera festeira contribuiu e continua a contribuir para o agravamento da escalada da COVID-19 no país, que já matou mais de 300 mil pessoas. E, se no início da crise epidemiológica, esse grupo era um dos menos atingidos pela doença, agora a situação começa a se inverter. Em Minas Gerais, a internação de pacientes da doença com menos de 60 anos mais que dobrou nas unidades de terapia intensiva (UTIs). No Distrito Federal, a quantidade de moradores de 20 a 39 anos mortos pela doença disparou em março, com alta de 47%.
 
A mudança que se verifica em Minas e no DF é um recorte do que acontece em todo o Brasil, conforme atesta boletim divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz, em 25 de março. “O país se encontra em uma situação de colapso do sistema de saúde, ao mesmo tempo em que a pandemia vem ganhando novos contornos, afetando faixas etárias mais jovens: 30 a 39 anos, 40 a 49 anos, 50 a 59 anos”, assinala o estudo da Fiocruz. Nesses três grupos, o aumento apontado pelo levantamento foi de, respectivamente, 565,08%, 626% e 525,93%. “A média da idade de pacientes internados vem diminuindo progressivamente”, confirma a fundação.
 
Chefe do pronto-socorro do Hospital Santa Marta, em Brasília, Adele Vasconcelos chancela o diagnóstico da Fiocruz. Ela relata que, faz quase um mês, as UTIs estão lotadas de pacientes entre 20 e 60 anos. Tanto na capital da República, onde trabalha, quanto em todo o país. “Estamos vendo esses jovens morrerem. Temos mais de 90% de pacientes em ventilação mecânica, hemodiálise e em estado muito grave”, disse a médica, em entrevista ao Correio Braziliense. Em contrapartida, Adele afirma que houve redução na internação de idosos acima de 75 anos, o que seria uma comprovação de que a vacina estaria funcionando como esperado.
 
Mesmo em estados e municípios onde lockdown e toque de recolher foram decretados, as forças de segurança estão sendo obrigadas a reforçar as operações de fiscalização para combater as baladas clandestinas. E estão surpresas com a quantidade de aglomerações festivas que encontram a cada blitz. Posicionada na primeira trincheira da saúde na batalha contra o coronavírus, Adele diz que o quadro dramático vivido pelo país tende a se agravar em consequência dessa irresponsabilidade. “Temos que condenar a aglomeração. Elas (pessoas que se aglomeram) estão fazendo com que não tenhamos condições de trabalhar. Não temos mais mãos para tanta gente doente ao mesmo tempo. A gente nunca pensou na vida que ia passar por isso”, desabafa.
 
Entre o pessoal baladeiro, constata-se que o comportamento de risco não tem gênero, cor, nem classe social. O desrespeito aos protocolos de combate à covid-19 impera tanto em endereços nobres quanto na periferia. Um exemplo é o cassino clandestino em que Gabigol foi encontrado. Os flagrantes de aglomeração em bares do Leblon, no Rio. E, ainda, na capital fluminense, o caso do hotel interditado, em Ipanema, onde um jovem que participava de festa clandestina, segundo a polícia, morreu depois de cair de uma altura de 15 metros.
 
Além de provocar a morte, o coronavírus pode deixar sequelas terríveis em quem sobrevive. Inclusive nos jovens. Alguns ficam sem caminhar devido à atrofia muscular. Outros têm a função renal comprometida e precisarão fazer diálise pelo resto da vida. Existem casos de depressão profunda. E há os traumas de quem pegou o vírus na balada, levou para dentro de casa e, agora, está sendo responsabilizado ou mesmo se sentindo culpado pela infecção e morte de pessoas queridas, como uma mãe, um pai, uma irmã, um irmão, uma avó, um avô. Fica um apelo a moças e moços: não cedam à tentação de ir para a balada assassina.


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