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Estado de Minas editorial

Sem vacina, não dá pra ser feliz

Ao perceber a tragédia despontando, governo e aliados trataram de reeditar as medidas que deram certo no ano passado


21/03/2021 04:00

É da questão do mercado de trabalho, no devastador cenário atual da pandemia de COVID-19, que trata este texto. Mas, antes, uma digressão. Em 1953, numa composição antológica sobre o secular drama da seca no Nordeste, Luiz Gonzaga fala sobre o auxílio a vítimas do flagelo e alerta para o mal que uma esmola pode fazer a um homem são: "Ou lhe mata de vergonha / ou vicia o cidadão". Intitulada “Vozes do sertão”, a canção foi composta em parceria com Zé Dantas. Nela, em vez de doações, eles defen- dem investimentos em açudes e barragens e na criação de empregos para o povo. "Livre, assim, nóis da esmola / que no fim dessa estiagem / lhe pagamo inté os juro / sem gastar nossa coragem".
Agora, vejam só que coincidência. Em 1983, exatos 30 anos depois de “Vozes do sertão”, o filho do Rei do Baião, Gonzaguinha, lançaria “Um homem também chora”. Na música, que se tornou mais conhecida na voz de Fagner, o compositor reflete sobre a importância fundamental que a atividade produtiva tem para a condição humana, para a dignidade do ser. Refere-se, sobretudo, ao universo masculino, quando diz: "E sem o seu trabalho, um homem não tem honra". E mais adiante, no refrão, arremata: "Não dá pra ser feliz / Não dá pra ser feliz".
 
Deixando a poesia de lado e voltando à dramática realidade: no Brasil, o sismo inicial provocado pela pandemia do novo coro- navírus nos empregos formais provocou a perda de 240.702 vagas em março e mais 860.503 em abril. Mas as medidas tomadas para evitar novas demissões em massa – como o pagamento de parte do salário dos trabalhadores da iniciativa privada pelo governo federal, a concessão de crédito a empresas e o auxílio emergencial concedido a famílias mais vulneráveis – evitaram um desastre muito maior na economia brasileira. Mais que isso: levaram não apenas à recuperação dos mais de 1,1 milhão de empregos com carteira assinada que a COVID-19 tragou naqueles dois fatídicos meses, elas fizeram com que o país fechasse o ano com resultado positivo nesse tipo de contratação.
 
No início de 2021, outra boa notícia. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, surpreendeu analistas ao anunciar a criação de 260.353 vagas formais em janeiro. Nada menos que o melhor resultado para o mês desde 1992, quando se iniciou a série histórica. O dado sugere que o ministro Paulo Guedes estava certo, ao menos em parte, quanto a uma possível retomada em "V" da atividade econômica. Contudo, especialistas chamam a atenção para o recrudescimento da pandemia de COVID-19, que voltou a se disseminar com toda a força pelo país, além do fim do auxílio emergencial, que deixou de ser pago em janeiro. Diante disso, apostam que os bons números do emprego com carteira assinada não devem se repetir em fevereiro.
 
Ao perceber a tragédia despontando, governo e aliados trataram de reeditar as medidas que deram certo no ano passado. Uma delas, o auxílio emergencial, foi recriada por meio de proposta de emenda à Constituição. Serão pagas quatro parcelas, que vão variar de R$ 150 a R$ 375 cada uma, a cerca de 46 mi- lhões de famílias. A primeira, referente a este mês de março, deve sair no início de abril. Dará certo a tentativa de salvar empresas e empregos? Com governadores e prefeitos vendo-se obrigados a decretar lockdown e toque de recolher devido ao colapso do sistema de saúde do país, a resposta óbvia é não. A menos que o go- verno ouça Guedes: "A solução é vacinar em massa para garantir o retorno seguro ao trabalho", defendeu. Por enquanto, com a imunização a passos de tartaruga, não dá pra ser feliz.


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