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Estado de Minas

O EQUILÍBRIO DA FEDERAÇÃO

O papel de Minas é se reinventar e voltar a ser o equilíbrio da Federação, o coração político e o polo de entendimento, começando pela capital


16/03/2021 04:00


Wilson Campos
Advogado. Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania 
e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG.
Delegado de prerrogativas da OAB-MG


Minas e os mineiros sempre se orgulharam de ser o equilíbrio da Federação. Em tempos de pandemia haveria de ser assim também, mas o que se vê são desencontros, picuinhas e animosidades. A boa política ao estilo mineiro deixou de existir. Os novos políticos nada aprenderam com os professores de outrora.

Sempre foi dito que, não há, em Minas, lugar para confrontos e arestas, mas para diálogo e entendimento. Gerenciar crises é trabalho peculiar ao mineiro, sempre disposto à conciliação, por ser essa da praxe democrática. Daí a importância de os governos municipais e o governo estadual caminharem no mesmo sentido, deixando de lado as diferenças políticas e trabalhando em conjunto contra a pandemia do coronavírus e a favor do povo mineiro.

Os chamados “gabinetes do ódio”, que tanto têm tumultuado a política mineira, não carregam os sinetes da eternidade. O partidarismo que nega a união e prega a devastação não merece outro destino senão o de alijamento das vidas e mentes cidadãs. Nós, mineiros, acostumados à política de pé de ouvido, à prudência das palavras e ao labor silencioso, preferimos os gabinetes republicanos do entendimento.
 
 
 
A república mineira não pode recuar da sua missão nacional de ser o fiel da balança e o equilíbrio da Federação. O martírio de Tiradentes não pode ter sido em vão, pois o reconhecimento brasileiro veio com a capacidade de resistência diante da opressão estrangeira. Portanto, o grande compromisso de Minas deve ser com a liberdade, a democracia e o entendimento.

Outrora, Minas foi palco de insurreições e conjurações em busca de autonomia e liberdade, ainda que tardias. Os arroubos dos detratores não foram suficientes para ofuscar o legado da mineiridade, seja pela pujança das riquezas minerais ou pelos valores libertários enraizados no fascinante histórico do mineiro.

Belo Horizonte é a maior metrópole, é a capital e a sede do governo do estado. Diante do óbvio e da realidade, impõe-se não fugir à regra das tradições mineiras. Manter-se no ponto de convergência, atuar para o equilíbrio das forças, impedir rupturas e promover a unidade são algumas das suas funções essenciais. Em tempos de pandemia, sua responsabilidade no âmbito estadual cresce e até triplica, muito em razão de abrigar hospitais de referência.

Nas pequenas cidades, algumas próximas e outras nem tanto, o pedido de socorro é comovente. Os itens sanitários disponíveis nessas localidades não são suficientes. Os serviços de saúde são precários e não têm estrutura para casos mais complexos. As pessoas doentes se aventuram por estradas de terra, esburacadas ou parcialmente pavimentadas, desesperadamente, em direção à capital à procura de ajuda para o tratamento de uma doença grave ou até mesmo invisível, como é o caso do coronavírus, ainda sem vacina suficiente, sem cura eficaz e sem prevenção segura.

O clamor social aflorado pela índole dos mineiros faz-se alto e bom som para que os governantes municipais e o estadual fechem seus “gabinetes do ódio” e prosperem no diálogo, no acolhimento da coletividade e façam renascer o projeto republicano de Minas em primeiro lugar, cujo propósito esteja além dos entreveros locais, mas inserido no contexto estadual de entendimento, cidadania e humanidade.

A expectativa é de reconstrução dos ideais políticos em Minas, com maior maturidade dos políticos, para que deixem de se comportar como crianças birrentas e trabalhem com a noção da urgência que o presente momento requer. Ademais, a crise sanitária se soma à crise econômica, e a população não suporta mais tanta briguinha e tantas intrigas tecidas nos “gabinetes do ódio” enquanto a saúde pública agoniza e pessoas morrem.

A rigor, os mineiros não elegeram seus representantes para digladiarem por vaidades ou proceder como políticos imaturos e despreparados. A missão é outra e começa pelo respeito à tradição da política mineira, sempre hábil no diálogo, na conciliação e no entendimento.

Em tempos de pandemia, os cuidados são muitos, e um deles é o cumprimento do dever dos governantes, para que estejam unidos e perseverantes no combate à doença e às suas consequências na sociedade, no trabalho e na economia.

Doravante, o papel de Minas é se reinventar e voltar a ser o equilíbrio da Federação, o coração político e o polo de entendimento, começando pela capital. É o que se espera.






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