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Estado de Minas

Vencedores de pesquisas, perdedores de eleições


25/02/2021 04:00

Felipe Nunes
Ph.D. em ciência política e mestre em estatística pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). Professor de métodos quantitativos na UFMG, e diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria

A eleição para o governo de Minas começou! Nesta quarta-feira, o Instituto Paraná publicou a primeira pesquisa com intenção de voto para governador no estado. Nela, o atual governador, Romeu Zema, aparece com 43,8% das intenções de voto, enquanto o atual prefeito de BH, Alexandre Kalil, tem 23,5%. Outros candidatos somam 17,6%, enquanto 9,2% votariam branco ou nulo e apenas 6% não saberiam em quem votar na eleição.

Olhando assim, o leitor desatento pode concluir que o quadro parece definido. Mas isso não é verdade. Aliás, a única definição neste momento é a do quadro de polarização entre Zema e Kalil como protagonistas da eleição de 2022. Há duas boas razões para acreditarmos que os dois promoverão um bom duelo pelo Palácio da Liberdade.

Primeiro, ambos arrancam com boa avaliação de seus distritos eleitorais. Nos últimos 20 anos, as pesquisas em ciência política têm mostrado que a aprovação de um governo é um fator fundamental para previsão de resultados eleitorais. O atual governador tem a aprovação de 69,4% dos eleitores do estado – segundo pesquisa Paraná – e um governo sem muitas crises até o momento. O prefeito de BH tem a aprovação de 73% dos eleitores de Belo Horizonte – segundo recente pesquisa Quaest – e um prestígio político crescente junto à classe política nacional.

Segundo, enquanto Zema perdeu apoio desde o começo do seu governo, Kalil só ganhou. Eleito com 71,8% dos votos válidos em 2018 e aprovado por quase o mesmo patamar segundo a Pesquisa Paraná, Zema tem hoje pouco mais de 40% das intenções de voto em Minas. Já não é mais o patamar que o elegeu em 2018, e é quase metade do percentual que aprova seu governo. Kalil, por outro lado, reeleito no ano passado com 63,4% dos votos válidos em Belo Horizonte, já tem intenção de voto equivalente à proporção do eleitorado da Região Metropolitana de BH no eleitorado mineiro (aproximadamente 30%).

Infelizmente, a pesquisa publicada não nos permite avançar ainda mais na avaliação do quadro político mineiro. É de se lamentar que a pesquisa tenha omitido indicadores que são muito relevantes para entender essas diferenças na intenção de voto. O primeiro deles é o voto espontâneo, comprovadamente o melhor preditor de voto a esta altura do campeonato.

Com o voto espontâneo, é possível avaliar de fato o que está na cabeça do eleitor mineiro. Além disso, a pesquisa não avaliou o nível de conhecimento das candidaturas colocadas no estado. Isso sempre é importante, porque se os conhecimentos são diferentes, as intenções de votos também serão diferentes. A pergunta de conhecimento nos dá uma noção do tamanho da base de comparação feita pelo eleitor na hora de responder à pergunta de intenção de voto. Afinal, 40% de intenção de voto, em um cenário de 100% de conhecimento, é bem diferente de 20% de intenção de voto em um cenário de 40% de conhecimento, por exemplo.

De agora em diante, o volume de pesquisas vai aumentar e nem sempre o número frio dá a dimensão correta do quadro. Uma boa análise do resultado continua sendo o melhor caminho para evitar a fabricação dos candidatos vencedores nas pesquisas, mas perdedores nas urnas.


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