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Estado de Minas editorial

Perdas e fraudes na vacinação

A facilidade para burlar as regras do Plano Nacional de Vacinação contra a COVID-19 está na fragilidade da gestão para impor barreiras aos fura-filas


01/02/2021 04:00

O país superou a marca de 2 milhões de vacinados contra a COVID-19. Mas o resultado é pífio ante uma população de mais de 211 milhões de pessoas. O número de infectados chega a quase 9,2 milhões, e o de óbitos, próximo a 224 mil. Por dia, morrem mais de mil brasileiros. As autoridades ainda não deram a devida atenção às novas cepas do coronavírus que surgiram no Brasil, que têm ritmo mais acelerado de disseminação, o que levou vários governos da Europa a fecharem os aeroportos para os voos que partem do país. O volume de imunizantes que chegou em solo brasileiro até agora é insuficiente para uma imunização em massa expressiva, com efeito relevante na sociedade e na economia.
 
Apesar do quadro de calamidade, em pelo menos 16 estados e no Distrito Federal, promotores locais e federais investigam irregularidades na vacinação contra a COVID-19. Em São Paulo, ocorreram cerca de 100 denúncias de pessoas que furaram a fila, ou seja, foram imunizadas, embora não fizessem parte do público prioritário. Boa parte dos exemplos está nas redes sociais. Um escárnio ante a escassez de doses, enquanto a epidemia, a cada dia, ganha mais fôlego. Entre os protagonistas desse comportamento desprezível estão autoridades de municípios e estados, servidores da saúde que abusam do cargo ocupado para privilegiar amigos e parentes.
 
Casos de desrespeito às regras do Plano Nacional de Vacinação são apurados nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Goiás, Rondônia, Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Ceará, Espírito Santo, Pará, Amazonas e Distrito Federal. No Rio de Janeiro, ainda há investigação sobre o desperdício de doses. Cada frasco do imunizante da Oxford/AstraZeneca contém 10 doses. Após ser aberto, a validade é de seis horas. Há casos em que apenas uma dose foi aplicada e o restante, passado o tempo de duração, foi descartado. Algo, até então, impensável diante da escassez do medicamento no país. As negociações para a compra de mais vacinas ainda seguem em ritmo aquém da demanda: 440 milhões de doses para garantir a cobertura imunológica de toda a população brasileira.
 
A facilidade para burlar as regras do Plano Nacional de Vacinação contra a COVID-19 e permitir o desperdício está na fragilidade da fiscalização e da gestão para impor barreiras aos inescrupulosos fura-filas e no controle da aplicação das vacinas. O fura-fila não age sozinho. O profissional de saúde que aplica a dose também tem participação no erro, embora ciente da irregularidade — às vezes, não pode se recusar, coagido por um superior hierárquico. Enfim, todos estão errados.
 
Ainda não há como medir os impactos das irregularidades. Os especialistas defendem que o fura-fila receba a segunda dose da vacina, concluindo o ciclo da imunização. Apesar de ter cometido uma ilegalidade, o fura-fila precisa concluir o esquema de imunização para ficar protegido e não ser um vetor de transmissão do vírus.
 
Cabe ao poder público, no entanto, ser mais rigoroso nesse processo de imunização da população. Não pode baixar a guarda e ser leniente com mau-caratismo de alguns cidadãos, desprovidos de educação e senso de solidariedade. Ao mesmo tempo, deve deflagrar uma campanha nacional sobre a vacinação para que toda a população saiba, com muita clareza, qual a sua posição na fila e possa colaborar para que os desvios não ocorram e afetem um processo indispensável para que o país volte a funcionar em condições próximas à normalidade do período pré-pandemia. E isso é urgente.


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