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Estado de Minas editorial

Pompa e circunstância

Brasileiros e norte-americanos sabem da importância da parceria entre os países. Resta ao governo trabalhar para que esses laços se fortaleçam com Joe Biden


22/01/2021 04:00







A cerimônia de posse do democrata Joe Biden como o 46º presidente dos Estados Unidos teve a pompa costumeira dos norte-americanos e os primeiros sinais de como será o seu governo. Mas passada a solenidade é preciso se ater às circunstâncias. E elas apontam para uma mudança de rumo na maior economia do planeta, que volta a buscar destaque no papel de liderança de processos globais. Nesse contexto, foi positiva a iniciativa do presidente Jair Bolsonaro de enviar uma carta de felicitações a Biden, na qual se coloca disposto ao diálogo e aberto ao desenvolvimento sustentável da Amazônia.

É um passo, mas as relações entre as duas nações pedirão mais do que palavras de agora em diante. E vozes da iniciativa privada e do mundo político já reivindicam uma mudança na diplomacia do Brasil. É preciso perceber que o alinhamento que havia anteriormente com Donald Trump não existe mais, e a mudança de postura do Brasil terá se ser efetiva para preservar as boas relações entre as duas nações, que datam de 1824, quando os EUA foram o primeiro país a reconhecer a independência brasileira, e quando o Brasil aderiu aos aliados na Segunda Guerra Mundial, em 1942, atendendo aos apelos dos norte-americanos.

Essa boa relação passa também pelo aspecto econômico, com os Estados Unidos sendo o segundo parceiro comercial do Brasil. O fluxo de comércio entre os dois países passa de US$ 70 bilhões nos cálculos do Itamaraty, com os investimentos norte-americanos em solo brasileiro totalizando US$ 80 bilhões, e os do país na América chegando a US$ 45 bilhões. Os números mostram a importância da parceria entre as duas nações. O alinhamento ao governo anterior não representou ganhos para o comércio exterior brasileiro e é preciso que agora ele não venha representar perdas para empresas e produtores brasileiros.

Com a carta, na qual diz estar pronto para a “proteção do meio ambiente, em especial a Amazônia”, o presidente revela a intenção de dialogar com o governo Biden, mas é preciso lembrar que Bolsonaro foi um dos últimos a reconhecer a vitória do democrata, e a devastação ambiental no Brasil, vista por satélites, vai exigir ações efetivas, com o aumento do orçamento do Ministério do Meio Ambiente, assim como a reestruturação das equipes de fiscalização e combate a crimes ambientais. Dizer que está protegendo a Amazônia não significa proteger a Amazônia.

O Brasil tem a ganhar com uma aproximação maior com o governo Joe Biden, que já anunciou estar disposto a liberar recursos para a proteção, mas sua afirmação de que liberaria US$ 20 bilhões para a proteção ambiental, ainda durante a campanha, foi ironizada pelo governo Bolsonaro. Meio Ambiente e Itamaraty têm que virar rápido essa página, para que o Brasil como um todo possa se beneficiar com uma provável nova onda de crescimento econômico dos Estados Unidos no pós-pandemia e pós-governo Trump. Empresários brasileiros e norte-americanos sabem da importância da parceria. Resta ao governo trabalhar para que esses laços se fortaleçam em prol do desenvolvimento do Brasil.



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