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Êxodo urbano e o e-commerce

Não é possível saber como a história de hoje será contada nos livros de amanhã


17/12/2020 04:00 - atualizado 16/12/2020 20:37

Virgínia Bastos Carneiro
Formada em pedagogia e história, professora de francês e revisora da Escola de Gestão e Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter


Duas questões de fundo histórico-social nos provocam a todo instante: como historiadores irão definir o ano de 2020 no aspecto social? E como será descrita a linha do tempo desta sociedade com bases na disseminação da COVID-19? É difícil não pensar nessas questões quando o mundo mudou pela pandemia, quando todos os continentes foram atingidos e nos pusemos a acompanhar, a refletir e a gerar comportamentos inéditos impostos pelo novo vírus. Afinal, o mundo parou e o início do segundo decênio do século 21 ficará assim marcado. Não é possível saber como a história de hoje será contada nos livros de amanhã. Entretanto, mais instigante que tentar adivinhar o que irão escrever é viver em tempo real as mudanças sociais singulares causadas pela pandemia.

Nesse aspecto, já disse o historiador Laurent-Henri Vignaud, da Universidade de Borgonha, que "uma epidemia sempre é um momento de teste para uma sociedade e uma época". Podemos concordar com o historiador – e ainda acrescentar – que além de um momento de teste, a pandemia também acarreta importantes mudanças sociais. Assim como as grandes epidemias no passado, o novo coronavírus tem deixado marcas por todo o planeta, com países em isolamento, fronteiras fechadas e uma economia fragilizada. Ao lembrarmos da gripe espanhola, em 1918, e da peste negra, no século 14, causadoras de profundas transformações sociais na época, teremos poucos elementos em comum entre a Europa do final da Idade Média ou então da Primeira Guerra Mundial com a nossa sociedade atual, globalizada e superconectada.

Analisemos dois cenários sociais distintos causados – e incrementados – pela pandemia da COVID-19. O primeiro deles é a observação de um êxodo urbano, de características centradas na busca por melhor qualidade de vida; e o segundo aspecto define a aceleração do e-commerce, em constante incremento como opção pessoal – e até como sobrevivência dos usuários em reclusão – para abastecimento de bens de consumo.

Já não é de hoje que a turbulência das grandes cidades causa problemas significativos de ansiedade e estresse. Seja pelo efeito nocivo de horas e horas no rush do trânsito de início e fim de expediente, seja pela aglomeração em espaços de compras, falta de tempo para atividades recreativas ou insegurança. Um número significativo de famílias impactadas pelo estresse – que aumenta concomitantemente com o número de casos da doença – contribui para um aumento à procura de moradas maiores e com área verde, longe dos grandes centros, em cidades de porte médio ou mesmo pequenas e até em zonas rurais. Assim se verifica em alguns países como Estados Unidos, França e Canadá, entre outros. Em Nova York, uma das cidades mais atingidas pelo novo coronavírus, observa-se uma tendência de êxodo urbano determinando uma demanda por cidades mais baratas, menores e mais seguras, uma vez que o vírus torna os grandes centros urbanos bem mais vulneráveis pela maior densidade populacional. Em Montreal e Toronto, no Canadá, cidades atingidas duramente pela crise sanitária – onde o dia a dia é rápido e envolvente –, as inseguranças e restrições tornaram a vida insuportável para alguns moradores. A possibilidade do teletrabalho impulsionou e incentivou muitos deles a trocar a vida turbulenta das grandes metrópoles pela tranquilidade do campo.

Em relação ao e-commerce, cujo avanço já vinha em crescente escalada sem o fator COVID-19, a partir dos primeiros meses de pandemia disparou de forma exponencial em funçao das quarentenas, isolamentos sociais e até mesmo pela falta de estoque de certos itens em pontos de vendas habituais. No Brasil, de acordo com estudos realizados pela Criteo, "comprar mercadorias on-line, pedir comidas por serviços de delivery e realizar compras através de aplicativos para smartphones estão entre os principais comportamentos adotados por brasileiros durante a pandemia do coronavírus". Também foi constatado um bom aumento nas compras on-line durante a recente Black Friday 2020, com percentual 31% maior do que no mesmo período do ano passado, segundo dados da Neotrust/Compre&Confie. É a confirmação de que o e-commerce se estabelece como um novo "normal" social (e econômico), um modo de consumir muito apreciado pelos consumidores, notadamente pela facilidade da utilização, rapidez e eficácia, delineando vantagens inegáveis. Tecnologias de ponta inovam e propõem sites cada vez mais performáticos e intuitivos utilizando sistemas logísticos seguros e serviço de clientela impecável, ambos com o intuito de fidelizar a clientela e recrutar novos clientes.

Enfim, só nos resta saber se tanto o fenômeno do e-commerce quanto o do êxodo urbano são transições efêmeras, de dimensões transitórias enquanto a pandemia vigorar, ou se irão se prolongar e fortalecer para além dela, quando houver um decréscimo significativo de casos e consequente afrouxamento no isolamento. Isso, só a história nos dirá.


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