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A influência da religião na sociedade


31/10/2020 04:00

Roberto Rohregger
Teólogo, mestre em bioética e professor da área de humanidades do curso de teologia do Centro Universitário Internacional Uninter
 
A religião sempre esteve ligada ao ser humano, podemos dizer que está praticamente inerente ao mesmo. É criação humana, surge como primeira tentativa de explicar o mundo.  O homem, ao se deparar com o mundo, se indaga sobre a sua existência, a partir do despertar e construção da sua consciência e, desta forma, ao se confrontar com o mistério do mundo, encontra neste uma sacralidade. Seu relacionamento com a natureza é direto, é sua fonte imediata de sobrevivência e de perigo. A própria vida e morte são grande mistério, então, o homem primitivo passa a ressignificar o processo da vida através das perspectivas religiosas, e é isto que lhe dá sentido e direção.
 
Basicamente, todas as grandes civilizações se estruturaram ao redor de sofisticados elementos religiosos. A civilização egípcia, por exemplo, tinha toda a vida social, econômica, cultural e arquitetônica moldada pela religião. Podemos dizer que a engenharia e arquitetura do antigo Egito foram desenvolvidas em decorrência da religião, que se torna um elemento agregador e solidificador da sociedade. Bernardi e Castilho, no texto, A Religiosidade como Elemento do Desenvolvimento Humano, afirmam que "o desenvolvimento local é um processo que envolve as mais diferentes dimensões do ser humano e da sociedade onde ele está inserido. Essas dimensões podem ser: sociais, econômicas, culturais, artísticas, religiosas etc."
 
Assim foi com várias outras civilizações que tiveram seu início e desenvolvimento impulsionado pelo elemento religioso. Os hebreus se agregam ao redor da construção do relacionamento com Deus, agregam sentido à sua história a partir da ressignificação do seu passado e, assim, constroem seu futuro. Seu sistema de leis, o esforço de engenharia e de arquitetura para construção do templo, tudo impulsionado pela sua concepção religiosa. E mais que isso, o sistema agregador da religião permitiu ao judeu sobreviver como povo mesmo nos extensos momentos em que ele não tinha uma pátria, mesmo quando sofreu uma perseguição que buscava eliminá-los.
 
Na fundação do cristianismo, o mundo sofre um impacto bastante significativo, passando no decorrer da história a ser uma religião mundial. É através do dele que temos a valorização do indivíduo, iniciando-se a construção do conceito de dignidade humana. Com a queda do império romano, é através do cristianismo que se mantêm os principais pilares da civilização ocidental, seja material ou intelectualmente. No período da Idade Média, os mosteiros são fontes do reservatório cultural e intelectual da sociedade, e é por meio da teologia que surgem os primeiros centros acadêmicos que virão a tornar-se as universidades na Europa.
 
Os primeiros centros de assistência social para enfermos nascem da caridade cristã, ou seja, hospitais para aqueles que não poderiam pagar pela assistência médica - talvez o SUS seja uma ideia que nasce do conceito de caridade que está presente nas religiões. As principais concepções éticas nascem dos preceitos religiosos e, de forma geral, podemos afirmar que a grande maioria das religiões possui um código de ética que fundamentalmente valoriza o respeito ao próximo, conforme podemos perceber no alinhamento das declarações de grandes líderes e livros religiosos. Jesus: "Faça aos outros o que você quer que façam a você; Rabi Hillel: "Não faça ao seu vizinho o que você odeia"; Confúcio: "Não faça aos outros o que você não quer que façam com você"; Alcorão: "Não trate seu irmão de uma maneira que você mesmo não queira ser tratado; Mahabarta: "Não faça ao outro o que você não gostaria que fizessem a você, esta é a parte principal da lei".

Por mais que se apregoe o fim das religiões, o mundo moderno é herança dos sistemas religiosos e ainda está impregnado de religiosidade. É preciso reconhecer a dívida que temos com toda a estrutura religiosa que a humanidade construiu. Claro que não podemos esquecer das críticas de Marx, Freud e Nietzsche e não se pode negar que durante o decorrer da história os sistemas religiosos capturados pelas estruturas de poder usaram dela para justificar guerras e perseguições. Esconder isso seria correr o risco de cometer os mesmos erros. Por isso, devemos compreender que precisamos nos atentar para o uso que o poder faz da religião. É inegável a grande contribuição para o desenvolvimento humano e, a partir disso, compreendemos que as religiões podem ser um significativo movimento em busca da harmonia, paz, progresso e dignidade
humana. 


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