Jornal Estado de Minas

Adolescentes, redes sociais e isolamento

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Fabiana Kadota Pereira
Especialista em recreação e lazer, professora da área de linguagens cultural e corporal, atuando nos cursos de licenciatura e bacharelado em educação física do Centro Universitário Internacional Uninter


A polêmica do uso excessivo das redes sociais pelos adolescentes sempre foi um tema recorrente de debate nas escolas, na mídia, em clínicas e na família. Seria uma ferramenta que aproxima ou afasta os adolescentes do convívio social?

O que não podemos negar é que esse é um caminho sem volta. A tecnologia faz parte da nossa cultura, já está incorporada em nossas rotinas e, principalmente, no dia a dia dos mais jovens. A internet e as redes sociais ocupam cada vez mais espaço na agenda dos adolescentes, o que vem despertando nos pais uma preocupação com o "isolamento social".





Afinal, podemos chamar o popular call (apelo, chamada, convite, ligação, convocação) de encontro social?

Se você ainda não conhecia esse termo, fique sabendo que o que costumávamos chamar de rolê, paquera ou festinha foi substituído pelos encontros virtuais conhecidos como call. Que critérios precisamos levar em consideração para avaliar se as interações humanas, as discussões e as manifestações de opiniões acontecem, de fato, nos rolês virtuais?

Com a imposição do distanciamento social, em razão da pandemia, a busca por interação por meio das redes sociais deixou de ser apenas uma preferência entre os adolescentes para se tornar o único meio de convívio entre pessoas de todas as idades, por orientações e protocolos dos órgãos de saúde. Essa experiência, que os pais vinham tentando controlar em doses homeopáticas, tornou-se um hiperconsumo devido à atual realidade. Novas reflexões e discussões têm sido geradas e o que antes era quase um consenso – adolescente %2b redes sociais = isolamento – tem provocado questionamentos e dividido opiniões.

É possível se divertir com os amigos no call? Os encontros virtuais são mais seguros ou perigosos? Os rolês e encontros presenciais serão substituídos de vez pelos virtuais? O adolescente desenvolverá comportamento de isolamento social e outros transtornos? Essas são algumas perguntas que já eram recorrentes no repertório dos educadores, mas que ganharam ênfase após meses de interações on-line, espontâneas ou não. Muitas serão as discussões e os estudos sobre comportamentos que serão desenvolvidos nos próximos anos em razão das mudanças que a pandemia nos trouxe. Entretanto, parece razoável que haja uma busca pelo equilíbrio nas interações digitais.

Não podemos negar que as redes sociais fazem parte da nossa cultura. É preciso entender que, ao realizar um call, o adolescente não está se isolando do convívio social, mas vivenciando uma outra forma de encontrar e fazer novos amigos. Fundamental ressaltar que os rolês virtuais não substituem os encontros presenciais, afetivos, e o contato físico essencial a todo ser humano.





No entanto, é perfeitamente possível a interação das duas versões para um convívio social saudável e produtivo. Afinal, o isolamento social também pode ocorrer nos ambientes de contato físico, como a escola, o condomínio, em clubes e até na família. Como pais, responsáveis e educadores, devemos estar atentos, próximos e acompanhar o desenvolvimento cognitivo, emocional e comportamental dos nossos adolescentes, buscando entender as necessidades, estabelecer limites, incentivar e acolher quando necessário. Somos os adultos dessa relação e é nosso dever educar, mas, acima de tudo, amar os nossos adolescentes, sejam eles internautas viciados ou não.

audima