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Fake news e a rádio peão


20/10/2020 04:00

Gilson E. Fonseca
Sócio-diretor da Soluções em Engenharia Geotécnica Ltda (Soegeo)

Atualmente, só se fala em fake news. Entretanto, não podemos nos esquecer de que até há pouco tempo, com sutil criatividade semântica, tínhamos a rádio peão como sinônimo de boato. Invisível, circulava em todos segmentos sociais a ponto de merecer estudos acadêmicos como teses de mestrado e doutorado. Siegfried Hoyler, professor titular da Universidade Mackenfie, diz que boato é a notícia que, embora não corresponda à realidade, se apresenta de difícil comprovação, e seu interesse determina a intensidade de circulação entre as pessoas. Por outro lado, Gordon W.  Allport, professor de psicologia da Universidade de Harvard, diz que "grande parte da conversação da sociedade é constituída de intercâmbio de boatos". Uma coisa é certa: o boato surge em consequência de diversas situações, como, por exemplo, da frustração, do medo, da vingança e muitos outros sentimentos. No caso de empresas, o boato é fruto de grupos informais que não se "sentem ouvidos", porque temos a necessidade de mostrar que existimos, pensamos e sentimos.

A rádio peão, muito conhecida nos meios empresariais, existe com muito mais força do que muitas pessoas imaginam e é um potente vetor da fake news. Esse cognome "peão" surgiu nas obras da construção civil, simbolizando as fofocas dos operários de categoria funcional inferior, depois se espalhou para outras indústrias. De qualquer forma, pode fazer estragos por onde passa, muitas vezes de grandes proporções. Na realidade, a rádio peão tem receptor que é o ouvido e o transmissor que são as conversas de bastidores. Ela é capaz de complicar a vida ou até derrubar executivos de corporações.

O boato encontra um campo fértil para proliferar é mesmo na vida política e empresarial, pela intensidade dos contatos, pela proximidade dos fins a que se propõem, pela igualdade de planos e objetivos das pessoas e também porque se transforma num novo interesse, especialmente quando o trabalho está entedioso. Curioso que a maioria das empresas não dá a devida importância à rádio peão, pois ela, quanto mais atuante, mais sinaliza um fracasso gerencial, prejudicando o progresso e o bem-estar de todos. É claro que, como resultante maior, também está indicando que a empresa necessita reformular processos administrativos e a relação com seus empregados.

A história registra que a rádio peão é muito antiga, evidentemente, com outra terminologia. Muitos historiadores defendem que Nero, imperador de Roma, foi vítima de boatos. O incêndio em parte de Roma, acredita-se que foi uma armadilha de adversários políticos, atribuindo-lhe tal acontecimento ao colocar essa informação junto à população. Outro dado impressionante, com registros históricos, foi o caso do filósofo Sócrates, acusado de perverter os jovens de Atenas e incitá-los à rebelião. O boato decretou-lhe a morte. Com relação aos países, particularmente no Brasil, dependendo da natureza, o boato faz estragos na economia. Ele pode ser devastador, tanto que o governo se viu obrigado a criar lei que o considera crime. A rádio peão merece atenção, porque, ao contrário da fake news, ela, silenciosamente, dissemina também muitas verdades.


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