Walter Pace
Professor, doutor em ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas de MG e titular da Academia Mineira de Medicina
Milhões de mulheres no Brasil e em todo o mundo sofrem de incontinência urinária, doença que pode interferir nas atividades do cotidiano, com reflexos na qualidade de vida, levando muitas a se isolarem socialmente em virtude dos incômodos e inconveniências causados pela doença. Causa ainda prejuízo profissional e psíquico à paciente.
A doença é mais comum em mulheres, principalmente a partir dos 50 anos, mas acomete também homens. Relatos médicos indicam uma incidência duas vezes maior no sexo feminino. Por isso, a conscientização para que procurem a ajuda de um especialista, sem constrangimentos, é da maior importância.
Ela se caracteriza por problemas no trato urinário inferior, como o afrouxamento da musculatura pélvica que sustenta órgãos como bexiga, útero, reto, intestino; gravidez e parto; infecções urinárias ou vaginais; efeitos colaterais de medicamentos; constipação intestinal; tumores malignos e benignos; bem como doenças que comprimem a bexiga e que afetam os nervos ou músculos; além da obesidade; tosse crônica em fumantes; quadros pulmonares obstrutivos que geram pressão abdominal; e bexigas hiperativas que contraem independentemente da vontade do portador, entre outras.
O tratamento é basicamente cirúrgico, mas em alguns casos o uso de medicamentos e a fisioterapia podem ajudar a controlar o escape. Outra possibilidade é o laser, cujo procedimento tem sido uma boa opção para os casos leves e moderados.
Como diagnóstico, o relato do paciente é muito importante, ou seja, sua história médica e a forma como os sintomas afetam sua vida, medicamentos que usa, exames e cirurgias feitos relacionados à bexiga e os hábitos de micção. Outros exames poderão ser solicitados para confirmação do diagnóstico e para traçar a linha de tratamento mais apropriada e até para a necessidade de cirurgia.
A sintomatologia varia com cada classificação da incontinência urinária. Por exemplo, se for uma incontinência de esforço, o sintoma inicial é a perda de urina quando a pessoa tosse, ri, faz exercício, movimenta-se; se for incontinência de urgência, mais grave do que a de esforço, caracteriza-se pela vontade súbita de urinar que ocorre em meio às atividades diárias e a pessoa perde urina antes de chegar ao banheiro; e se for uma incontinência urinária mista, associam-se os dois tipos acima citados, sendo a impossibilidade de controlar a perda de urina pela uretra o sintoma mais importante.
Como prevenção, aos primeiros sintomas a mulher ou o homem devem procurar o médico para diagnóstico e identificação da causa e do tipo de perda urinária apresentada. É importante destacarmos, também, que a incontinência urinária não é um mal inevitável na vida das mulheres depois dos 50/60 anos. Se o distúrbio for tratado como deve, a qualidade de vida melhora muito e a prática de exercícios que fortalecem o assoalho pélvico são também medidas úteis na prevenção da incontinência urinária.