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Estado de Minas editorial

Intromissão indesejada

As declarações de Pompeo na fronteira quebraram uma tradição de décadas da diplomacia brasileira


23/09/2020 04:00

É de surpresa em surpresa que a diplomacia brasileira, até então considerada equilibrada pelos atores internacionais, vem sendo conduzida desde que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, assumiu a pasta. Causou estranheza a recente iniciativa do chanceler em receber em Roraima, na fronteira com a Venezuela, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo. O convite ao norte-americano vem sendo interpretado como ato de campanha eleitoral do presidente Donald Trump – ele busca os votos de venezuelanos e cubanos exilados na Flórida, estado decisivo para sua reeleição – e ingerência em assuntos internos do país vizinho a partir do território nacional.

A atitude de Araújo, conhecido por suas posições extremadas, provocou a reação do Senado, que através de sua Comissão de Relações Exteriores convidou o ministro a dar explicações. Isso depois de o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, ter considerado a presença do chefe da diplomacia dos EUA uma "afronta". O secretário foi ver de perto a Operação Acolhida, do Exército Brasileiro, que já recebeu mais de 6 mil refugiados venezuelanos que cruzam a fronteira para fugir da ditadura de Nicolás Maduro.

Pompeo, ex-chefe da CIA, não poupou críticas a Maduro e à sua ditadura bolivariana, qualificando-o como narcotraficante, acusação feita contra Maduro em diversas organizações globais. Na avaliação de lideranças políticas brasileiras dos mais variados matizes ideológicos, não se pode permitir que um diplomata estrangeiro faça críticas, a partir do território nacional, a governos vizinhos. Assinalam que a Constituição Federal prescreve a independência nacional e a não intromissão em assuntos de outras nações.

Analistas também destacam que as declarações de Pompeo na fronteira quebraram uma tradição de décadas da diplomacia brasileira em defesa do multilateralismo e da resolução pacífica dos conflitos em todo o mundo. Sublinham que, na realidade, o secretário dos EUA veio ao Brasil para discutir os problemas internos da Venezuela a poucas semanas das eleições em seu país. E a questão a ser respondida é por que o Brasil permite que o seu território seja utilizado para tais fins.

Inquestionável que o regime de força imposto pelo autodenominado socialismo bolivariano suprimiu o Estado democrático de direito, com graves violações aos direitos humanos, e deixou a economia em frangalhos. A situação do país vizinho é tão grave que estima-se que até seis milhões de venezuelanos deixem o seu país, na maior crise humanitária de que se tem notícia na América Latina.

O certo é que a questão venezuelana deve ser resolvida através de negociações entre as forças políticas e sociais locais, nunca através de uma solução de força, como a preconizada por alguns agentes de fora. O diálogo tem de se fazer presente e prevalecer para a construção de pontes que levem à paz. E sem a intromissão indesejada de agentes estrangeiros.


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