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Minas e o tempo

Citando Drummond na busca do inspirador ar ordenador, indagamos: "O Brasil caminha, para onde?"


25/08/2020 04:00

Paulo Brant
Economista e vice-governador do estado de Minas Gerais

Milton Campos se referia à política como sendo o “difícil caminho do meio”. Teófilo Ottoni acreditava apenas no desafiador caminho reto. Tancredo Neves saía em campo e pavimentava o improvável caminho das diferenças. José Aparecido de Oliveira tangenciava o sinuoso caminho dos interesses e JK enxergava o luminoso caminho do tempo. Cada um desses mineiros trilhou e superou com maestria e grandeza o imponderável caminho da política, aquele que é capaz de elevar e mudar a vida de um povo.

Todos eles fizeram do diálogo, da postura austera e independente, do idealismo sem moralismo, e da vocação natural do gênio pensador a grandeza de seus mandatos e de suas biografias, a constante defesa das ideias, dos ideais e do pensamento questionador. Vocacionados, fizeram da exaustiva busca do consenso – tendo como guia e objetivo para os momentos decisivos – o  interesse coletivo.

Os mineiros, ao longo dos séculos, sempre tiveram participação e presença marcantes nos destinos da Nação, antes mesmo da consolidação do Brasil nação, como no episódio da Guerra dos Emboabas, em 1709. Vale lembrar que historiadores apontam a Guerra dos Emboabas como a primeira guerra cívica brasileira, quando, ao fim do movimento, tivemos por parte dos vitoriosos a aclamação de Manuel Nunes Viana como o governador das Minas, sendo o primeiro governador aclamado pelos povos das Américas.

A Inconfidência Mineira foi a materialização ideológica dos Emboabas, quando o ideal da independência administrativa e das riquezas naturais revertidas para o bem de seu povo nortearam o denso e elaborado idealismo inconfidente, fruto da união de mineiros, brasileiros e portugueses.

João Pinheiro e Affonso Penna deram continuidade a esses ideais e contribuição fundamental para a República que nascia. Ambos implementaram no início do século passado governos inovadores, audaciosos, sem alardes, inaugurando o grande mote de que ‘Minas trabalha em silêncio’. E assim foi. Assim tem sido.

Arthur Bernardes não tergiversou na hora de defender os interesses de Minas e de suas riquezas. Ficou para todos nós seu legado de bravura e comprometimento cívico. Pouco tempo depois, em 1943, o Manifesto dos Mineiros, o primeiro brado que ousou enfrentar o primeiro governo Vargas, voltou a colocar Minas na linha de frente do pensamento nacional, após a exitosa Revolução de 1930.

Em 1954, Afonso Arinos assumiu a tribuna para denunciar alto e bom som o mar revolto que inundava o Brasil ao fim do segundo governo Vargas. Em 1964, Tancredo Neves usou novamente a tribuna federal para denunciar o processo que se encontrava em curso, em marcha batida. E suas palavras ecoaram em 1984, quando o sonho da redemocratização uniu toda a nação em uma contagiante, democrática e ampla onda cívica.

Pouco tempo depois, novamente em tempos conflitantes e delicados, Itamar Franco recolocou o Brasil em seu curso natural, permitindo ao país seguir seu ideal democrático com passos firmes, altivez e serenidade. Era restabelecido o diálogo, a convivência entre os interesses e desejos nacionais diante do vasto campo das ideias, aquele em que floresce a verdadeira democracia. 

De Itamar para cá, Minas e seus nomes ficaram distantes de Brasília e dos destinos do Brasil. Uma pena, pois ficamos todos, neste ínterim do tempo, mais pobres de nós mesmos. Agora, citando Drummond na busca do inspirador ar ordenador, indagamos: “O Brasil caminha, para onde?”.


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