Jornal Estado de Minas

Inovação aberta na mineração

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Alessandra Prata
Engenheira especialista da Samarco

Os últimos anos têm sido de grandes aprendizados para todo o setor de mineração. Um dos principais é sobre a importância de as mineradoras se unirem para aprender, buscar soluções conjuntas para desafios comuns e, principalmente, se aproximar de outros atores ligados ao ecossistema de inovação e empreendedorismo, que tanto podem contribuir para a evolução da atividade.





O conceito de inovação aberta, criado por Henry Chesbrough e bastante difundido no mundo acadêmico e no setor de tecnologia, passou a ganhar cada vez mais espaço também na mineração. Enquanto na inovação fechada a geração de novas ideias e o desenvolvimento de soluções contam com pouco ou nenhum conhecimento externo e se limitam ao uso ou benefício da empresa, com controle da propriedade intelectual, na inovação aberta, esse processo ocorre de forma mais ampla e com a colaboração de diversos públicos. Ganham espaço a co- operação e o estabelecimento de parcerias com várias áreas internas da empresa e outros atores externos. A conexão impulsiona o desenvolvimento. Dessa forma, os ganhos são mútuos: mais conhecimento, oportunidades e resultado para toda a sociedade.

Tenho a oportunidade de acompanhar de perto dois projetos importantes alinhados a esse conceito: o Desafio MinerALL e o Mining Hub. O primeiro visa construir uma ponte entre as inovações e o mercado por meio do empreendedorismo.

A primeira edição do Desafio MinerALL, iniciada em 2018, já está na terceira etapa e tem relação direta com dois compromissos da companhia: o aproveitamento do rejeito proveniente do beneficiamento do minério de ferro e o apoio à diversificação econômica dos municípios onde estão suas unidades operacionais, com a atração de negócios a partir dos rejeitos e o fortalecimento do ecossistema de gestão e de empreendedorismo. Sua proposta, portanto, é modelar negócios e escalonar soluções capazes de direcionar esse aproveitamento de rejeitos de maneira sustentável para outros mercados.





O outro projeto é o primeiro hub de inovação aberta do setor de mineração do mundo, com a participação de 23 mineradoras, além de fornecedores, startups, pesquisadores, investidores e do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O objetivo é promover conexões entre as empresas associadas e a sociedade em geral e desenvolver, de forma colaborativa, soluções inovadoras relacionadas a temas de grande relevância para o segmento, como gestão de rejeitos e resíduos, segurança e saúde ocupacional, desenvolvimento social, gestão da água, fontes de energia alternativa e eficiência operacional.

A Samarco é membro do Mining Hub desde sua criação, no início de 2019, e já apadrinhou três projetos. Um deles, inclusive, se tornou caso de sucesso do hub e nos possibilitou inovar em diálogo e engajamento social, com foco na preparação das comunidades para os simulados de emergência previstos no Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM).

Com a pandemia do novo coronavírus, a troca de experiências continuou ocorrendo de forma virtual, inclusive sobre as ações de prevenção e medidas adotadas pelas mineradoras para o combate à COVID-19. Além disso, todos os programas para desenvolvimento de soluções para desafios comuns ao setor continuam sendo realizados por meio de plataformas on-line. 

A experiência nesses dois projetos reforçou a visão de que a inovação aberta é fundamental para que a mineração se reinvente e continue evoluindo. Entendemos que estamos no caminho certo, pensando de forma colaborativa em soluções não apenas para o setor, mas em especial para a sociedade. Afinal, fazer uma mineração diferente é mais do que gerar recursos, é compartilhar valor.