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editorial

O peso do símbolo

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Tem chamado a atenção a mudança de comportamento do presidente da República no tocante à comunicação. Há duas semanas Jair Bolsonaro deixou de dar entrevistas no cercadinho do Palácio da Alvorada. A fala improvisada, pela manhã e à tardinha, não raro provocava tumultos desnecessários cujas consequências desviavam a atenção do essencial – as crises sanitária e econômica. 



Na segunda, o que se temia fosse um soluço não era. A mudança deu um passo adiante. A Secretaria de Comunicação anunciou a suspeita de que o presidente estivesse com COVID-19. Citou os sintomas – cansaço, dor no corpo e febre de 38oC – e informou que ele fizera os exames protocolares no Hospital das Forças Armadas. O resultado sairia no dia seguinte. 

A imprensa, munida dos dados corretos, fez o que tinha de fazer. Noticiou o fato com clareza e correção. O desenrolar dos acontecimentos, natural nos regimes abertos, deixou claro a importância da transparência. O oposto escancara as portas para inferências. Sem saber o que está sucedendo, tenta-se adivinhar o desconhecido. 

Vem à tona, então, a verdade de cada um. Trata-se do pior dos mundos. Além de privar o público do direito inalienável à informação correta, abrem-se largas avenidas para o curso de fake news ou de opinião que se fantasia de fato e vira verdade. 



Ontem se confirmou a contaminação do presidente pelo coronavírus. Bolsonaro, em entrevista, informou o resultado à imprensa. Líderes mundiais assim o fizeram. O brasileiro seguiu o exemplo. Foi bom. Foi bom também aparecer de máscara. A proteção é indispensável enquanto não se descobre vacina ou remédio eficaz. 

A palavra e o modelo presidenciais pesam. São revestidos de solenidade. Cada palavra, cada pausa, cada expressão corporal conta. A comunicação e o uso da máscara são prova de que Jair Bolsonaro abraça a tese.