Fábio P. Doyle
Da Academia Mineira de Letras Jornalista
O jornalismo de hoje abandonou, de vez, a verdadeira e histórica missão da imprensa, a de informar, além de analisar e esclarecer os fatos e atos que noticia.
Com a deterioração moral, que atinge também todas as atividades e instituições, os jornais, em sua maioria quase absoluta, publicam apenas o que interessa aos que o fazem, editores e repórteres, muitas vezes contrariando o pensamento dos donos da empresa.
É o que acaba de acontecer. Toda a mídia aguardava a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o processo que poderia resultar na cassação da chapa que elegeu, em 2018, Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão presidente e vice-presidente da República, por excessos que teriam cometido durante a campanha eleitoral.
Para decepção dos que trabalham para derrubar os dois, o TSE, por unanimidade, seguindo o voto do relator, ministro Og Fernandes, rejeitou o pedido de cassação, formulado pelo PT e pelo candidato derrotado, Fernando Haddad, e arquivou o processo por insuficiência de provas.
Aí a surpresa maior: a decisão não mereceu qualquer referência nos meios de comunicação. Ficou somente nos bastidores, como se não tivesse acontecido.
Se os ministros tivessem decidido pela cassação, imaginem o carnaval fora de época que os midiáticos anti-Bolsonaro teriam promovido, com manchetes de capa, notícias escandalosas, entrevistas, espasmos de euforia de articulistas suburbanos, manifestações de rua, e mais e mais.
Vale ressaltar que a decisão unânime daquela corte contou com votos de ministros do STF tidos como antibolsonaristas, como Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luiz Roberto Barroso. O que conta pontos a favor deles.
Sem briga
A pacificação, a busca de harmonia e bom entendimento entre os três poderes, o fim das desastradas e repetidas entrevistas dadas todas as manhãs e fins de tarde, na rua, na saída e na chegada do presidente da República ao Palácio da Alvorada, sugeridas e cobradas tantas vezes neste espaço semanal das segundas-feiras, parece que, afinal, serão adotadas.Já não era sem tempo, como se costuma dizer. O país não poderia ser bem administrado no meio de tanto tiroteio verbal. A população, não importa se a favor ou contra o governo, estava visivelmente cansada, exaurida de tantos desencontros, de tantos entreveros políticos que não levariam a nada de útil.
Para agravar e tornar o clima mais pesado e ameaçador, tudo acontecia em meio a uma crise, esta real, da saúde, causada pelo impiedoso e incontrolável coronavirus, que viajou da China para apavorar, adoecer e matar tantas pessoas de todos os países do mundo, o nosso de forma mais agressiva e contundente.
Foram muitos os apelos, inclusive os nossos, para que as batalhas que envolviam os três poderes, especialmente entre o Judiciário, leia-se STF, e o Executivo, leia-se Presidência da República, fossem adiadas para o pós-pandemia. Todos os esforços, todas as armas, todos os recursos deveriam ser dirigidos para vencer o inimigo maior e mais perigoso, o vírus chinês.
Será que os sinais de moderação, de ponderação, de cessação de hostilidades, mais do que visíveis nos últimos dias, serão transformados em realidade? Por favor, senhores guerreiros, ergam a bandeira branca da paz e se juntem, unidos, fraternos, na missão que o destino colocou diante de todos nós, a de derrotar o monstro virótico que afeta a saúde da população e derruba a economia do país.
Assim seja.
Vergonha Que vergonha.
Uma senhora caiu em casa, sofreu uma fratura e foi levada para um hospital. O caso exigia UTI. A do hospital estava sem vagas. A de coronavirus tinha. Levaram-na para lá, impedindo fosse acompanhada pela família. Dias depois, os filhos receberam comunicação de sua morte, com atestado de óbito por "suspeita de COVID-19", o que não autorizaria velório e enterro normais. Os filhos protestaram. A mãe não estava doente, sofrera uma queda com fratura. O hospital manteve o atestado. Novo laudo foi exigido pela família, comprovando que ela não estava com o vírus. O velório e enterro normais puderam ser realizados.Uma pergunta que é inevitável e que dói: quantos casos semelhantes têm ocorrido, aumentando os índices daquela doença e garantindo verbas extras do governo para os hospitais? Os médicos envolvidos serão punidos?
O Brasil, disse o presidente da França, general Charles De Gaulle, não é um país sério. Nao exagerou.