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A fábula da cigarra e da formiga

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Denis Forte
 Professor de finanças comportamentais do
 programa de pós-graduação em administração de empresas da Universidade Presbiteriana Mackenzie
 
Conta a fábula de La Fontaine que a cigarra bateu à porta do formigueiro para pedir comida, pois morria de fome e era inverno. As formigas lhe perguntaram o que ela tinha feito no verão, época de trabalhar e guardar. A cigarra respondeu que ficara cantando. As formigas, inicialmente, lhe negaram comida, mas a cigarra jurou estar arrependida. As formigas, então, lhe concederam a comida, certas de que a cigarra aprendera a lição.


 
Essa fábula nos ensina que se deve poupar para enfrentar os piores momentos. E fornece a noção de compartilhar com quem precisa em momentos de extrema necessidade.
Agora, e com relação ao Brasil, como podemos enxergar essa fábula? Vamos a um retrato socioeconômico do país.
 
Sobre população, emprego e renda, o Brasil tem 211.562.283 de habitantes, de acordo com o IBGE (2020). A taxa de desemprego da população economicamente ativa (PEA) está em 12,2%. A renda média mensal é de R$ 2.398 para um PIB per capita de R$ 31.833,50.
 
Segundo o IBGE, as micro e pequenas empresas geravam 30% do PIB em 2017. Sendo importante relembrar que, entre 2006 e 2019, elas geraram 13,5 milhões de empregos, enquanto as médias e grandes perderam 1,1 milhão de postos de trabalho.


 
Com relação à concentração de renda, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) classificou o Brasil como o sétimo país mais desigual do mundo em 2019, sendo que o 1% mais rico concentrava 28% da renda total e os 10 % mais ricos concentravam 42%.
 
Pensando em população empreendedora, pesquisa realizada pelo Sebrae e pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em 2018, mostrou que o Brasil tem 38% de taxa de empreendedorismo entre 18 e 64 anos, o equivalente a 52 milhões de pessoas. Essa informação coloca o Brasil entre os países mais empreendedores do mundo. Cabe uma diferenciação importante: um empreendedor pode ter a motivação de ver uma oportunidade e partir para a ação ou, então, na falta de uma alternativa de geração de renda e ocupação. Dados de 2017 dispunham que cerca de 60% dos empreendedores são movidos por oportunidade e 40% por necessidade.
 
Por último, temos dados de educação. De acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica, 48.455.000 alunos estavam inscritos, em 2018, na educação básica, sendo 39.440.000 em rede pública. Já em educação infantil, eram 8.700.000; no ensino fundamental, 27.183.000; e, por fim, o ensino médio, com 7.709.000 estudantes. O restante entre educação profissional, para adultos e especiais. Sendo esse total distribuído em 182.000 estabelecimentos, com 141.000 instituições públicas, e atendidos por 2.220.000 docentes.


 
Dessa forma, são poucos os brasileiros que possuem uma reserva econômica ou renda neste momento. Por isso, todos os auxílios são muito importantes, seja a renda emergencial e os planos de sustentação dos empregos, bem como a implantação da educação a distância.
Ademais, para ser possível estabelecer uma sociedade futura que seja menos baseada no assistencialismo, torna-se fundamental auxiliar os mais fragilizados agora. Paradoxos econômicos que precisam de solução atual.
 
Afinal, nesta pandemia não são as cigarras, mas sim as formigas que precisam de auxílio.