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Avaliação do presidente e do governo


postado em 19/05/2020 04:00

Rodrigo Augusto Prando
Professor e pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie, do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas

O presidente Bolsonaro optou por um estilo de governar afeito ao presidencialismo de confrontação. Confrontou, durante todo o ano de 2019, os atores políticos – adversários (convertidos em inimigos) e aliados , confrontou as instituições (Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal), bem como os jornalistas, cientistas e a própria sociedade brasileira.

Especialmente durante a pandemia, essa opção pelo confronto o levou ao isolamento político, visto que, em política, há uma relação de mando e obediência, e as ações do governo não foram seguidas pela maioria dos governadores e prefeitos. Some-se a isso a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e, ainda, do ministro da Justiça, Sérgio Moro. O primeiro, bem avaliado pela população à frente da sua pasta e no enfrentamento da pandemia da COVID-19; o segundo, como sabemos, um alicerce do governo no combate à corrupção. E, não menos importante, há desgastes do presidente no campo político, pois se avolumam os pedidos de impeachment e, também, no campo jurídico, com investigações no STF contra as fake news, contra os atos que contaram com a presença de Bolsonaro e que clamavam pelo fechamento do Congresso e do STF e, por último, a investigação detonada por Moro ao afirmar que o presidente quis intervir politicamente na Polícia Federal. Em algum momento, esse isolamento e desgaste seria captado pelas pesquisas. E já estão presentes nas duas últimas. Vejamos.

Em pesquisa recentemente divulgada (CNT/MDA), há indicação de que o presidente perdeu apoio de parte da população e atingiu a pior avaliação de sua gestão e pessoal desde o início do mandato. Os que aprovam o governo (soma dos que consideram ótimo e bom) teve um decréscimo, passando de 35,5% para 32%; contudo, a reprovação (soma dos que avaliam como ruim e péssimo) cresceu expressivamente, passando de 31% para 43,4% em quatro meses. Os que avaliam o governo como regular foram de 32,1% para 22,9%. Acerca do desempenho pessoal do presidente na gestão do governo, havia um apoio de 47,8% e, agora, de 39,2%. A desaprovação subiu de 47% para 55,4%.

Já em pesquisa da XP/Ipesp, a aprovação (ótimo e bom) de Bolsonaro caiu quatro pontos percentuais, de 31% para 27%. Além disso, a avaliação negativa (ruim e péssimo) teve aumento de sete pontos, passando de 33% para 40%; por fim, os que consideram o governo regular caiu de 28% para 26%, cuja margem de erro da pesquisa é de 3,2 pontos percentuais. Assim, pode-se depreender que a queda da aprovação ficou quase dentro da margem de erro, mas a reprovação realmente aumentou. Essa pesquisa veio à tona com dados coletados após a saída de Moro do governo. Muitos imaginavam que o prejuízo da saída de Moro seria maior naquele momento.

Em ambas as pesquisas, fica evidente o aumento mais vigoroso da reprovação e, no entanto, uma faixa de cerca de 30% de apoio que se mostra resiliente. O eleitorado de Bolsonaro, em 2018, teve os bolsonaristas de raiz, os que rejeitavam com ódio o PT; os liberais; os órfãos do PSDB; os lava-jatistas e os eleitores identificados na seara chamada de ‘bancada BBB’ (boi, bala e Bíblia). Essa base mais resiliente, que até o momento não apresentou fissuras, dos 30% de bom e ótimo, deve ser constituída de bolsonaristas de raiz, aqueles que não só se identificam e defendem as ideias e os valores expressos pelo presidente (conservadorismo nos costumes e liberalismo da economia e, não raro, o fechamento de Congresso e STF), os que ainda mantêm o medo e ódio ao PT e uma parcela considerável da ‘bancada BBB’.

As decisões de Bolsonaro, ao que parece, seja no discurso, seja nas ações políticas, são, todas, voltadas à manutenção desse apoio até o momento tão evidente e tenaz. Há uma lógica eleitoral de manter essa base viva e coesa para 2022; entretanto, em termos de eficácia governamental, ela se mostra frágil e em constante expansão das divisões e dos confrontos no bojo da sociedade brasileira. Finalmente, não nos esqueçamos de que o resultado de sua atuação frente ao combate da pandemia do novo coronavírus chegará, seja pelo número de mortos, seja pela crise econômica pós-pandemia; e o desfecho das investigações no âmbito jurídico podem mudar os humores da classe política e colocar, verdadeiramente, o fantasma do impeachment no radar da vida nacional.


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